terça-feira, 15 de agosto de 2017

Às margens de mim

Hoje me veio a cabeça escrever um poema marginal.
Mas a margem de quê; se a margem que ando é a minha mesmo?
Hoje pensei em nadar contra a maré.
Mas como nadar contra a maré numa cachoeira de idéias absurdamente contrárias que fluem de dentro de mim.
Hoje pensei em ser eu mesmo.
Mas como ser eu mesmo se eu sou um marginal que nada contra a maré de uma cachoeira de idéias que desemboca no oceano do meu ser?
Hoje eu pensei, será que estou na corda bamba?
Mas como estar na corda bamba, se a corda bamba alinhada na marginal do rio que corre da minha alma?
Hoje eu queria não ter alma.
Mas como não ter alma, se a corda bamba, da marginal do rio que corre ao contrário, é justamente a linha tênue que sustenta o meu corpo?
Hoje eu não queria ter corpo.
Mas sem corpo, minha alma não teria uma corda bamba pra que eu pudesse me equilibrar na marginal do rio que corre pra dentro de mim.
Hoje eu só queria ser um marginal.
Mas como ser um marginal, sem margem?

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