terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Desconforto


Por mais que se ouça o contrário hoje em dia, uma coisa que o cristianismo nunca ofereceu foi o conforto.
Por mais que nosso discurso seja bonito, ele não é nosso, o pegamos emprestado de Deus, pois o que Ele exige de nós é pura contradição à nossa natureza rebelde e egocêntrica. Saber disto não nos deixa confortável.
Não é confortável saber que não somos dignos de salvação, não é confortável saber que não há nada que possamos fazer para merecer qualquer coisa de Deus, não é confortável abrir mão do nosso ego, não é confortável amar nossos inimigos e não é confortável perdoar.
Se você está à procura de uma religião que o deixe confortável, definitivamente eu não lhe aconselharia o cristianismo. — C. S. Lewis
O cristianismo é uma grande fonte de desconforto para o ser humano. Quando nos descobrimos cristãos não damos o controle das nossas vidas a Deus, pois este controle sempre foi e será dEle. Cada ser humano sobre a Terra tem a sua vida emprestada. É isso que diz o Eclesiastes sobre o nosso corpo tornar-se pó e nosso espírito voltar para Deus que o deu quando morremos. Não somos donos dos nossos narizes. Assim, reconhecer e assumir que o controle de “nossas” vidas não é nosso é muito desconfortável.
Não escolhemos Deus. Ele nos escolheu exclusivamente para a Sua Glória sem que tivéssemos qualquer mérito. Descobrir que fomos atraídos pela Graça irresistível de Deus e que foi Ele quem nos constrangeu quanto a nossa condição pecaminosa, confronta diretamente o nosso orgulho. Lembrar que em todos os dias precisamos deixar de lado nossa vontade para aceitar o que Deus tem pra nós, definitivamente não é confortável.
Deus nos amou mesmo sendo pecadores, enviou Seu único filho para ser julgado e condenado, pelas nossas culpas e Jesus Cristo, o Emanuel que viveu como Deus-gente no meio da gente sendo um exemplo para todos os seres humanos por sua santidade e perfeição, isto nos deixa completamente desconfortáveis! Nossas infinitas guerras interiores, nossas dúvidas, a nossa cruz apenas servem para glorificar a Deus. Não há porque nos sentirmos confortáveis!
Jesus troca nosso fardo pesado por um mais leve, mas não tira todo o fardo. Ele pede que tenhamos ânimo diante das inevitáveis aflições. Não nos promete glória nesta terra, não promete descanso nesta vida, mas na eternidade, onde seremos acolhidos sem mérito nenhum, onde seremos coroados por nada! Afinal, qualquer coisa que fizermos para Deus foi por Sua permissão. Sua Graça? É dom. O arrependimento? É dom. A fé? Dom!
Podemos empenhar toda a nossa vida e a nossa palavra para não devermos nada para ninguém, mas para Deus, devemos tudo! O cristianismo destrói nosso orgulho, nossa autossuficiência e nossa autoconfiança. Por isso os cristãos sentem-se tão desconfortáveis.
Texto publicado no site: http://www.fesimples.com.br/

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Somos Quem Podemos Ser





Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos às vezes erram a direção

E tudo ficou tão claro
Um intervalo na escuridão
Uma estrela de brilho raro
Um disparo para um coração

A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez

Nós
Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter

Um dia me disseram
Quem eram os donos da situação
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem essa prisão

E tudo ficou tão claro
O que era raro ficou comum
Como um dia depois do outro
Como um dia, um dia comum

A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez

Nós
Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter

Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos às vezes erram a direção

Quem ocupa o trono tem culpa
Quem oculta o crime também
Quem duvida da vida tem culpa
Quem evita a dúvida também tem

Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Carine Noctua


Eu ouvi um grito estridente.
Estranho.
Eu nunca havia ouvido algo daquele tipo.
Não conseguia distinguir o lugar onde eu estava eu só ouvia um som que vinha de outro cômodo da casa como se fosse algum animal se debatendo, preso as grades.
Quando dobrei as esquina e entrei na porta a minha frente, ela estava lá.
Nua.
Crua.
Com seus olhos negros fincados aos meus, e suas unhas de cor cinza, que seriam capazes de arrancar o meu coração com um só golpe, ela virou-se e me olhou.
Eu nunca vou esquecer aquele relampejar cintilantes de seus enormes olhos alaranjados.
Hipnóticos.
Senti um frio na barriga.
Um susto. Era um sonho.
Acordei deitado na grama seca do pasto, sentindo a brisa da noite, eu só queria um descanso, mais nada, mais ninguém. Nenhum pensamento.
Quando dei por mim já era tarde, só estávamos eu e as estrelas.
As estrelas.
Talvez eu esteja enganado quanto a isso tudo, pensei.
E logo depois, senti o forte abraço do silêncio.
Meu velho amigo.
Hoje, essa noite eu não quero te ver, apenas essa noite. Eu não quero.
Eu ouvi novamente a sua voz, se referiu a mim por duas vezes.
Pareciam sussurrar ao meu ouvido.
Parei, sorri. Respirei fundo e olhei pra trás.
Não vejo ninguém. Não QUERO ver ninguém!
Caminhei de volta por um caminho sombrio, minha mente estava vazia, era o que eu queria (?), reduzi-me a um espaço vazio, sem preocupações do cotidiano.
E, repentinamente eu ouvi novamente aquele estranho grito.
Não.
Dessa vez ela estava caçando.
Enlouquecida, rodopiava pelo céu negro acima de mim.
Céu Negro e Gélido.
Era como meus pensamentos entrecortando nuvens noturnas e espessas.
Dizem que o seu guincho é para assustar as presas, arrancando-as de seus esconderijos.
É como uma voz do inferno que transforma os ratos em estátuas e enraíza os outros pobres e pequenos mortais que caminham pela noite.
Acordei novamente.
Dessa vez a grama está úmida. Como as pálpebras dos meus olhos.
Uma pena.
Umas penas.
Plumagem marmórea, vermiforme, lampejo de telas vivas, cascatas de marrons dosadas com dourado e um cinza negro.
Será que você ouve o meu silêncio?
Imagino que não.
Eu não quero que me ouça.
Ouça-me.
A única lembrança que quero ter é seu rosto esculpido na moeda dos gregos.
Nada mais.
Nada a mais.
Nada.
Mas...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Humanos

Banda Tokio.



Esse humanos que circulam
Pela a cidade aí a fora
Eu não aguento eles querem me controlar
Eu não aguento eles querem me conquistar

Querem me obrigar a ser do jeito que eles são
Cheios de certezas e vivendo de ilusão
Mas eu não sou, nem quero ser
Igual o que ele diz
Sempre igual não posso ser feliz

Esse humanos que circulam
Pela a cidade aí a fora
Eu não aguento eles querem me controlar
Eu não aguento eles querem me conquistar

Querem me obrigar a ser do jeito que eles são
Cheios de certezas e vivendo de ilusão
Mas eu não sou, nem quero ser
Igual o que ele diz
Sempre igual não posso ser feliz