sábado, 2 de novembro de 2013

Leituras equivocadas e mal interpretadas.


A comunicação é uma das tarefas mais difíceis nas relações amorosas. De modo geral, os relacionamentos envolvem sempre projeções, distorções, racionalizações, falas, escutas e leituras equivocadas e mal interpretadas. É comum falarem que falamos o que não falamos, falar que fizemos o que nunca fizemos e, não raro também, podemos ouvir o que não falaram e ver o que nunca na realidade existiu... Isso porque não ouvimos com os ouvidos, não vemos nem percebemos com os olhos e não nos comunicamos apenas através das expressões verbais. Lemos e interpretamos os fatos, a fala, o olhar e o comportamento do outro, a partir das lentes de nossas memórias, feridas e recalcamentos: somos intérpretes da vida. Pois “não vemos as situações e a realidade como, de fato, elas são, mas como nós somos”. 

Existe uma multiplicidade de fatores que determinam o nível e a saúde na comunicação entre o casal, que vão desde os repertórios psíquicos herdados por cada um dos membros do par conjugal até a maneira particular como homens e mulheres fazem uso das palavras, interagem e comunicam-se entre si. 

Como já foi dito anteriormente, homens e mulheres se estruturam de modo distinto um do outro, o que reflete na maneira de ambos utilizarem as palavras. Muito frequentemente, as mulheres fazem uso de licença poética na utilização das palavras. Elas também as utilizam para descrever sentimentos e emoções. Os homens, por sua vez, as utilizam para descrever ideias e pensamentos.

É muito comum as mulheres dizerem: “Você está sempre atrasado”, ou “Você nunca faz o que eu te peço”, ou ainda, “Você nunca me leva para jantar”. Costumo afirmar que, para uma mulher, a palavra nunca, quase nunca ou nunca significa nunca. Ao fazer uso desse vocábulo, ela está se comunicando a partir de uma carga emocional que lhe atribui um sentido diferente do utilizado, frequentemente, pelo universo linguístico masculino. Na realidade, ela não está querendo dizer que de fato isto nunca acontece, mas que desejaria sair com o parceiro com mais frequência, ou que sente a sua falta.

Essa maneira de se comunicar, na maioria das vezes, provoca muitos desentendimentos, na medida em que o parceiro se sente injustiçado e desestimulado por nunca - falo como homem!- conseguir satisfazer as exigências de sua parceira. 

É muito comum também ouvir: “Não dá para conversar com o meu marido, ele sempre deturpa tudo o que eu digo”. Para Lacan, homens e mulheres falam línguas diferentes, por isso não se escutam, trata-se de dois sujeitos que não se entendem, o que faz com a relação entre ambos seja marcada por um mal-entendido crônico. Tal fato pode explicar a razão de muitos casais, na intenção de se aproximarem e resolverem o conflito através do diálogo, encontram-se ainda mais distantes depois de tentarem se ajustar. Em minha experiência clínica, em muitos casos, intervenho na intenção de evitar, temporariamente, que os casais discutam a relação até que tenham mais recursos internos para se comunicarem de forma mais sadia. No próximo capítulo, daremos algumas dicas sobre como nos comunicar de forma mais apropriada com o nosso parceiro.
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Luciano Vilaça (extraído do livro Companheiros Inseparáveis)

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

* O futuro do trabalho é o não-trabalho


“Ando trabalhando demais”. É bem possível que você se identifique com esse sentimento. Mas repare que, mesmo em dias sem tantas pendências profissionais, há uma mania de eficiência que transforma o tempo em um recurso difícil de usufruir sem culpa. Bem, é exatamente isso que o filósofo italiano Domenico de Masi quer que você tenha a mais: tempo livre. Uma ideia que pode causar algum estranhamento a princípio. Afinal, como pensar em tempo livre se é comum desejarmos justamente o oposto: um dia com mais horas, para produzirmos mais. É que para De Masi esse paradigma da eficiência – produzir o máximo possível, de preferência no menor intervalo de tempo – está ultrapassado, pertence ao século passado. Ele acredita que agora estamos no século do Ócio Criativo; título de um de seus livros.

Para sustentar sua tese, Domenico de Masi afirma que estamos vivendo um daqueles períodos históricos que marcam a transição entre duas Eras. A última vez em que isso aconteceu no mundo foi com a Revolução Industrial, que moldou essa mania de eficiência que temos hoje. Essa revolução teve início em 1850, na Inglaterra, onde diversas indústrias foram construídas no meio do caminho entre o campo e a cidade. Tinham que estar próximas tanto da matéria prima rural quanto do mercado urbano. E como as fábricas precisavam de gente para trabalhar, o governo inglês adotou políticas severas de desestímulo (e, em alguns casos, proibição) detrabalho nos campos, para atrair as pessoas às cidades. E, longe do campo, diante da impossibilidade de plantar, a única saída para ter o que comer era trabalhar no chão de fábrica em troca de algum dinheiro – os ingleses que se recusassem eram queimados a ferro e fogo em praça pública. Foi aí que o trabalho se estabeleceu como o meio de sobreviver na cidade – e deixou de estar ligado à expressão de um potencial ou vocação.

Para o filósofo italiano, carregamos uma porção de heranças desse período. Uma delas é o próprio conceito detrabalho, atrelado a sofrimento – aliás, se examinarmos a etimologia, trabalho vem de tripalium, um antigo instrumento de tortura. A outra é uma certa obsessão pela padronização. Para que tudo desse certo na linha de montagem, os trabalhadores precisavam atuar de maneira padronizada – talentos e vocações individuais eram qualidades indesejadas pelas grandes empresas, fato que se repete com alguma freqüência até hoje. E a terceira herança industrial que carregamos é a da segregação entre vida e trabalho. Os funcionários de uma fábrica, ao baterem cartão, viravam uma espécie de chave interna que determinava que, naquele momento, diversão e individualidade eram proibidos. Foco, silêncio e produtividade eram a ordem. A vida ficava para depois do expediente.

Acontece que a Revolução Industrial terminou. E, se naquela época a economia era totalmente lastreada pelos bens de consumo tangíveis, como ouro e petróleo, hoje vemos uma vertente de economia dos intangíveis, também chamada de economia criativa, onde os bens que circulam são serviços, informações, tecnologia e criatividade. É nessa transição que vivemos, diz De Masi. E para a economia dos intangíveis, a lógica do trabalho sofrido, da padronização e da segregação entre trabalho e diversão não interessam.

O filósofo italiano acredita que estamos moldando uma nova ordem mundial, e o Brasil terá um papel importantíssimo nessa história. Ele explica que os dois sistemas político-econômicos mais importantes do mundo ocidental – a social-democracia européia e o neo-liberalismo americano – atravessam uma severa crise porque não funcionam mais. Está na hora de criar um modelo novo, ele acredita. E, dentre as economias emergentes que mais crescem no mundo – Brasil, Russia, Índia, China e África do Sul – o Brasil é o país com menos conflitos étnicos e melhores relações diplomáticas. E, em sua última vinda ao país, esse ano, defendeu: somos um forte candidato a criar uma nova ordem mundial.

E como será essa nova ordem?

De Masi acredita que a resposta passa necessariamente pela reinvenção do modelo de trabalho. Se na lógica moldada pela revolução industrial havia apenas um caminho profissional correto a seguir – fazer uma boa faculdade, passar por alguns estágios até se estabelecer em uma grande empresa – agora há uma infinidade de caminhos possíveis. Em vez de brigar pelas vagas de emprego existentes, está na hora de inventar novos trabalhos. E a única maneira de fazer isso é deixar de buscar fora de si as respostas profissionais. É da conexão com os talentos e vocações internos e da compreensão de como eles podem ser expressados que nascem novos modelos de trabalho.

Se o filósofo italiano estiver certo, o trabalho deixará definitivamente de ser sinônimo de sofrimento, padronização e tédio. É possível afirmar, seguindo a lógica de Domenico De Masi, que o futuro do trabalho é o “não-trabalho”.



(*) Texto publicado no blog AGORA SIM

Fonte horiginal: CIDADES PARA PESSOAS

domingo, 6 de outubro de 2013

Os Sonhos


Os sonhos não cabem mais no pedaço de papel
Não cabem mais numa poesia.

Os sonhos são eternos
Inspiram a vida
Os sonhos não são fugaz
São eternas fugas.

Os sonhos fogem da realidade
Na busca de outras alternativas.
Inspiram uma pitada de descoberta
Traz o tempero da vida
Os sonhos são eternos aprendizados.
Na busca por mudanças
Dessa vida imunda

Os sonhos acrescentam
A força na luta
Os sonhos brincam com os nossos pensamentos
Os sonhos brindam com as nossas crises.
Os sonhos brindam com os nossos pensamentos
Os sonhos brincam com as nossas crises.
Nessa relação circular
Os sonhos apresentam como peças de teatro de uma outra alternativa.


Adriano,
Publicado em: 
poesiaspoemaseartelibertaria.blogspot.com.br

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Rock In Roll, Punk Rock e Hardcore.

Um pequeno ensaio.

Parafraseando uma passagem do filme “V de Vendeta” que eu gosto muito, gostaria de iniciar este pequeno ensaio dizendo:

“O homem é mortal, diferente das ideias, um homem pode ser morto e esquecido, mas uma ideia não. As ideias tem poder. Pessoas matam e morrem defendendo-as. Elas não podem ser beijadas, você não pode tocar uma ideia, beija-la, abraça-la. As ideias não sangram, não sentem dor, não amam e podem durar para sempre.”

Antes de tudo quero deixar este espaço em aberto para discursões, pois ninguém é dono da verdade, então, quem seria eu para me apossar da mesma nesse momento. Quem poder me ajudar, questionar e acrescentar, será muito bem vindo.
Alguns anos atrás, por livre e espontânea vontade, e por envolvimento com algumas militâncias, resolvi fazer um pequeno estudo sobre um estilo musical que eu me identifico, o Punk Rock / Hardcore.
Não fui muito longe. Até porque eu já tinha um envolvimento e já frequentava alguns lugares como shows, encontros, casa de amigos e etc.
Na época eu já havia também assistido alguns documentários, filmes e lido alguns livros sobre contracultura e isso me ajudou muito. Então o que eu precisava era apenas traçar alguns caminhos. Na verdade a história dar se inicio quando, por eu ter contato com algumas igrejas, (instituições) alguns amigos começaram a me convidar para desenvolver um trabalho de explanação sobre a cultura alternativa junto com outros colegas nos dividindo em tentar explicar algumas culturas urbanas que se adentravam as instituições e o pessoal não sabia lidar com aquelas ideias que permeavam a cabeça dos seus neófitos.
Este foi o momento em que me vi diante um desafio. Explicar algo inexplicável.
Falar sobre um estilo musical como o hardcore é limita-lo. Nós podemos traçar alguns caminhos, recolher um material, procurar o histórico territorial quem sabe; ouvir algumas músicas, trocar algumas ideias com pessoas envolvidas e assim em diante. Agora, chegar a um denominador comum. É meio complicado!
Meu desafio ainda se tornou maior.
No inicio comecei a desenvolver um trabalho com os jovens das igrejas, depois com as lideranças e logo, aos montes, foram chegando os mais idosos e completamente leigos de música em geral.
E como se falar de algo tão complexo quanto a música alternativa?
Então, aqui, novamente me escondo por trás da passagem mencionada no início do texto. São ideias. Ideias criadas no decorrer da história da música de uma forma generalizada.
Para entender não só o estilo aqui mencionado, mas também como todos os estilos da música alternativa, precisamos fazer uma viagem ao passado. E essa viagem não se deve ser limitada a música, se deve ser feita quase que rigorosamente paralela às questões sociais que diretamente e indiretamente irão influenciar a música.
E assim, para que meus companheiros pudessem se aproximar das ideias expostas nas músicas sujas e agressivas, de poucas ou muitas notas, nos berros ensandecidos ou nas “melodias chorosas” e nos visuais “exóticos” daqueles que frequentavam minha casa, tive que voltar no tempo, estudar um pouco sobre contracultura, ler alguns manuscritos de Jack Kerouac, Allen Guisberg, Willian Boroughs, Gregory Corso e aqui no Brasil, fazer um paralelo com os saudosos Jorge Mautner, com sua Mitologia do Kaos (Deus da Chuva e da Morte, Kaos e Narciso em Tarde Cinza) que pra quem não sabe influenciou muito Caetano Veloso, Raul Seixas, Cazuza, Renato Russo, Humberto Gessinger e outros. Ouvir algumas histórias contraventoras da Beat Generation que antecedeu os Hippies, e ouvir muita, muita música!
Além disso, foi muito prazeroso saber que a “Grande Depressão” americana e a Segunda Guerra Mundial foi um belo adubo para o crescimento dessa “Geração Perdida” que arrastou suas ideias até aqui. (aqui uso palavras de Jean Paul Sartre)
Bom, conclusão.
Como uma monografia que encontrei na internet durante este tempo de busca sobre contracultura, eu ficaria aqui horas e horas tentando explicar algo que você de forma alguma irá entender como já mencionei, se não frequentar alguns shows, trocar ideias com amigos, ler algumas matérias, livros, assistir documentários e etc.
A música em geral independente de estilo é um fenômeno de contracultura, e todos os seus estilos são ramificações ideológicas bem peculiar desse movimento que é sociologicamente de proporções continentais, movimento tal que influenciou a maneira em que estão organizados hoje os movimentos de luta pela igualdade de direitos, tanto quanto mulheres, homossexuais, os movimentos anti-racistas,  e os pela legalização da maconha por exemplo. Assim também como os movimentos pacifistas, as passeatas contra a guerra, pelo equilíbrio ecológico e muita coisa que fazemos na atualidade.

Lembrando e fazendo uma ressalva, que o termo “Rock In Roll” foi criado justamente nesta situação, onde uma ideia a princípio criada para andar na contra mão do mercado musical precisava de um nome; algo a ser identificado e também comercializado pela mídia. Assim como o “Hardcore” e o “Punk Rock”.
Então porque se alarmar com as “Chicas” andando pela cidade com camisas de “Bandas de Rock” que nem elas conhecem? Isso é Merch meu caro! Fashion!

Fico por aqui.
Caindo nessa teia desafiadora de editar este “ensaio” comprometedor indicando alguns materiais.

Leia, “On The Road” de Jack Kerouac, assista o documentário “Punk: Atitude”, o brasileiro “Botinada”, procure por um filme interessante chamado “In To The Wild”, traduzido no Brasil por “Na Natureza Selvagem” e para saber mais de Hardcore e PunkRock, compre muitos DVD’s,  CD’s, e vá aos shows e Gig’s organizadas por amigos.


Indique também este texto a outras pessoas e os incentive a falar sobre o assunto e nos fazer outras colocações e indicações. Será interessante!

ANIVERSÁRIO DE 15 ANOS DE FORMAÇÃO DO FOKISMO


Se os Replicantes cantaram sua “Festa Punk” com os Kennedys, Circle Jerks, G.B.H. e demais medalhões da cena punk/HC mundial, eis que o Fokismo vem completar seus 15 anos de fundação da banda, e comemora com uma festa genuinamente Hardcore, em todos os sentidos. Para essa grande festa, que será realizada no Bar Subúrbio Alternativa, no aconchegante bairro do subúrbio carioca de Brás de Pina, sob a batuta do DJ Terror, conhecida produtor/organizador de festas e eventos de rock, punk, Hardcore, metal e afins, a banda convida nada mais do que as maiores e melhores bandas de nossa cena Hardcore em atividade no momento. Desde os veteranos do Serial Killer com todo o seu know how, passando pelo crossover maduro do Repúdio e contando ainda com a “nova geração” (nem tão nova assim) representada pela banda Comando Delta. Para completar a festa, estão convocados ainda vários membros que passaram pelo Fokismo ao longo dessa caminhada, para relembrarem seus tempos de subversão fokista no palco, fazendo o que a banda mais fez durante a sua trajetória, ou seja, tocar Hardcore. E, tudo isso, de graça, 0800, na “faixa”!!!!!
Você vai perder?




SERVIÇO:
DATA: 27 de Outubro
LOCAL: SUBÚRBIO ALTERNATIVO
ENDEREÇO: Rua Iguaperiba, 155, Brás de Pina, Rio de Janeiro/RJ
HORÁRIO: 17:00hs

BANDAS:
FOKISMO
SERIAL KILLER
REPÚDIO 
COMANDO DELTA

COMANDO DELTA

Fundada em 2003 em Iguaba Grande/Rio de Janeiro, o Comando Delta procura sempre retratar em suas letras, que tem elevado grau de politização e sarcasmo, a realidade social do nosso País. Após dois anos de formada, a banda grava sua primeira demo-tape, no ano de 2005, com 10 músicas. A segunda demo é finalizada em 2008, dessa vez com 5 músicas, além de várias coletâneas e splits, como a StereoBeers Vol II e o split com o Tio Tosco, de Saquarema, cidade da Região dos Lagos carioca. Após um longo período de afastamento dos palcos, a banda volta de formação nova, Marcão (Vocal), Gustavo (Bateria), Diego Cavalcante (baixo) e Emerson Santos (guitarra), e com uma proposta de levar o som pra um horizonte mais Hardcore, porém, sem abandonar a velha essência punk. No currículo constam shows ao lado de bandas como Cólera, Norte Cartel, Protesto Suburbano, Korzus, D.F.C., Calibre12, Paura, Garotos Podres, Cervical, Solstício, Uzômi, entre tantas outras.

REPÚDIO


Formada em 2003, mas, contando com membros veteranos na cena metal/punk/Hardcore da cidade do Rio de Janeiro, o Repúdio busca mesclar essas influências e fazer um crossover com bastante peso e acidez nas letras. Depois de vários shows no circuito underground carioca e o lançamento do CD-Demo, “Fim de Tudo”, em 2004, a banda que atualmente é formada por: Zumby (vocal), Chuva (baixo), Dagotta (bateria) e Kfe (guitarra), lançou o álbum intitulado “Prá que entender?” pela união de selos Parayba Records! no Brasil e Karasu Killer do Japão. O nome da banda foi inspirado no livro “Anarquia Planetária e a Cena Brasileira” do jornalista Sílvio Essinger. As letras da banda seguem a temática de qualquer banda cujas influências são oriundas do Punk, Hardcore ou Thrash Metal, e que fica clara nessa visão da banda: “Certas atitudes devem ser extintas, televisão, guerras, política consumista, dinheiro, ambição.”

SERIAL KILLER

 Banda de Hardcore, do estado do Rio de Janeiro, formada em março do ano de 1992 com integrantes vindos de outras bandas locais. Com diversos shows e participações em vários festivais por todo o país, tendo ao seu lado grandes bandas do cenário nacional (Ratos de Porão, Cólera, Olho Seco, Garotos Podres e etc.) e internacional (Agnostic Front, Biohazard, Madball e etc.)
Na sua trajetória, contam com 02 demos, CDs e participações em coletâneas e tributos.
Retornaram aos palcos em 2011 depois de uma parada para recarregar as baterias e poder ter um tempo maior para as famílias. Atualmente estão com material pronto para lançar mais um CD e vem fazendo diversos shows pelo Estado do RJ.

 Formação:
Marcelo – Bateria
João – Baixo
Fábio – Guitarra
Álvaro – Voz
Contato:
Telefones: Fábio (21) 8412-5887 / 7816-5777
Email: alvarozimmerman@gmail.com - http://www.facebook.com/#!/SerialKliier

FOKISMO

Banda formada em agosto de 1998, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, com o objetivo de resgatar o verdadeiro som e a postura do Hardcore, ou seja, rápido, direto, simples e com letras políticas e críticas. Em outubro de 1998 a banda realiza o seu 1º show, e a partir de janeiro de 99, começam a considerar a banda mais do que apenas um projeto, com o lançamento da Demo-Tape “Questão de Justiça”, com oito sons, que mostrava uma mistura de punk rock, ska e Hardcore anos 80. Esse trabalho tem uma ótima divulgação a nível nacional e também em diversos países da América Latina. Em 2001, a banda paralisa as suas atividades, retornando apenas em 2005, com a formação renovada, e em 2007, lançam o EP “América Latina”, que mostra uma nova face da banda, incorporando muita velocidade ao punk/HC feito pela banda na década anterior. Após muitos shows, por diversas cidades do Estado, e até por PE, SP, RN e ES, a banda grava o EP “Única Opção” e o lança no final de 2011. A partir daí, entram em tour para a divulgação do trabalho e sofrem mais algumas mudanças na formação, até o início de 2013, quando se inicia a tour “15 Anos de Hardcore”.

Formação:
Fabio Downhill – Voz
Xurréia  – Guitarra
Nane – Baixo e Voz
Victor – Bateria
Contatos:
Celular: (21) 7433-9953 c/ Fabio Downhill






quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O Discurso de Tyler Durden (Clube da Luta)

Retirado do livro Clube da luta-Chuck Palahniuk

"Eu vejo aqui as pessoas mais fortes e inteligentes. 
Vejo todo esse potencial desperdiçado. 
A propaganda põe a gente pra correr atrás de carros e roupas. 
Trabalhar em empregos que odiamos para comprar merdas inúteis.
Somos uma geração sem peso na história. 
Sem propósito ou lugar. 
Nós não temos uma Guerra Mundial. 
Nós não temos uma Grande Depressão. 
Nossa Guerra é a espiritual. 
Nossa Depressão, são nossas vidas. 
Fomos criados através da tv para acreditar que um dia seriamos milionários, estrelas do cinema ou astros do rock. Mas não somos. Aos poucos tomamos consciência do fato. E estamos muito, muito putos. 
Você não é o seu emprego. 
Nem quanto ganha ou quanto dinheiro tem no banco. 
Nem o carro que dirige. 
Nem o que tem dentro da sua carteira. 
Nem a porra do uniforme que veste. 
Você é a merda ambulante do Mundo que faz tudo pra chamar a atenção. 
Nós não somos especiais. 
Nós não somos uma beleza única. 
Nós somos da mesma matéria orgânica podre, como todo mundo."

Tyler Durden, filme "O Clube da Luta"

terça-feira, 17 de setembro de 2013

HARD TIMES!


Faça-me um favor. Antes de começar a ler este pequeno (se assim posso dizer) desabafo, se despida de seus conceitos, e das suas “verdades absolutas” que lhe caem muito bem como uma camisa de força. Também, não pense em ninguém, apesar de quê, conforme as palavras vão fluindo, penso em todos vocês, meus amigos, parceiros e irmãos que sempre estiveram dispostos a rasgar o peito e assim como eu, se deixarem ser acessíveis. Então aqui, neste momento, olhe pra dentro de você mesmo, relaxe e faça o seu “Insight”. (O excesso de vírgulas foi proposital)
Em minha caminhada sempre conversei com muita gente, desde adolescentes aos mais experientes, gente de tudo quanto é pensamento. Religiosos, ateus, agnósticos, santos e profanos, (homens e deuses). Eu gosto disso, essas conversas sempre foram bem interessantes, e me levam a lugares na minha mente nunca antes habitáveis.
Mas faz alguns anos que uma coisa me incomoda bastante.
Estamos todos enlouquecendo. (sem uso de aspas)
É fácil se dizer que os tempos são difíceis, que não há mais amor, e que as pessoas estão cada vez mais individuais e frias. Isso tudo já virou roteiro de novela das oito. Todo mundo sabe. Mas a coisa é ainda mais profunda. Eu mesmo já quase esbravejei em alto falantes a frase que já se tornou um mantra em minha vida: “Os relacionamentos estão difíceis!”
E aqui, agora, imagino que algum desavisado já deve estar entrando pelas veredas espirituais e caçando aquele versículo bíblico pra dar aquela bela “chulapada”, igual se faz com  toalha molhada.
Por favor!
Ou no mínimo vai achar que vou desencadear um discurso que tudo isso é a “falta de Deus” ou coisas desse tipo.
Numa boa?
Acredito que subestimamos o nosso próprio poder de autodestruição.
A sobrecarga de informações e a falta dela são dois lados da mesma moeda. E Independente disso, as aflições vem umas atrás das outras, e a cavalo. Desde o mais pobre ao mais rico, do ateu ao pastor abençoado. Ninguém é de ninguém e nem quer ser.
Liberdade? Outra escravidão. Droga viciante!
Talvez, quanto a esse tipo de assunto, levanto em conta as conversas que já tive, os desabafos que já ouvi,  e as noites em claro, darei belos rodopios bem no estilo Dinho Ouro Preto, e não chegarei onde quero chegar. Porque são mais de dez anos ouvindo e compartilhando lágrimas estrondosas pelas esquinas da vida e mesas de bar.
Então, “pra concluir” mais alguns breves parágrafos.
Algumas pessoas, apesar de cercadas de amigos, de terem um rostinho alegre, e de viverem com tudo do bom e do melhor, ainda se sentem vazias. Algumas pessoas ainda cheias de Deus, ou de outra espiritualidade qualquer, contrariam as estatísticas, e também se sentem atormentadas. Loucas pra saírem daqui pra melhor.
Mas por quê?
A mente humana?
Doenças da alma?
Só Deus sabe.
Todos nós temos discursos prontos pra esse tipo de situação. Até passar por tal. E as convicções, tomam Red Bull e criam asas. São convicções até o raiar de um novo dia!
Somos como ratos raivosos engaiolados dentro de nós mesmos.
É meu caro, nos últimos dias, todas as noites, tenho colocado minha cabeça no travesseiro e pensado bastante. Converso com Deus, Ele fala comigo, às vezes fica quieto me ouvindo. E às vezes, (confesso até que na maioria delas) nem me lembro Dele.
Mas uma coisa eu sei, e é o que tem me deixado mais aflito...
As coisas não andam boas pra ninguém, pra ninguém irmão.
E sem querer ser pessimista, acho que não melhora não.
Se não houver uma boa reviravolta e começarmos a nos voltar uns pros outros, ainda teremos algumas surpresas.

“Só os loucos sabem!”

sábado, 31 de agosto de 2013

Entrevista com a Banda Fokismo - Rio de Janeiro.

    Bom, estou super satisfeito com os resultados obtidos depois de ter voltado com esse espaço. Confesso, que não tenho muito tempo, mas tenho feito o possível pra tentar mantê-lo. Ultimamente meu foco tem sido as entrevistas, pois acredito que as bandas tem muito a oferecer nesse tipo de bate papo. E outra coisa que também acredito e menciono em quase todas as ideias trocadas aqui é que precisamos urgente de uma releitura do que essa dita cena underground que vivemos. Mas como fazer isso sem ser pedante, repetitivo e obter realmente resultados? Esse tem sido o nosso desafio. Você tem a resposta? Então vamos colaborar.
Hoje a bola da vez é a banda Fokismo, aqui mesmo do Rio de Janeiro, Zona Oeste, recentemente fazendo quinze anos juntos, trocamos uma ideia pra tentar chegar próximo desse ideal. Uma cena mais coerente e verdadeira.
Confira a entrevista, entre em contato, ouça as bandas, faça sua parte.
Vamos seguir....

1) A banda Fokismo está fazendo agora alguns shows comemorando 15 anos de caminhada correto? Como é conseguir esse tempo todo sustentando diversas formações, sem perder muito a pegada, ideias e compromisso? 

Fabio Downhill: Então, vamos lá, na verdade, estamos comemorando os 15 anos de formação da banda, mas, não temos 15 anos de atividade, pois ficamos parados entre 2001 e 2005. O lance das formações é algo meio que natural, vejo o Fokismo hoje como algo mais do que apenas uma banda, é na verdade uma República Socialista Democrática, em forma de grupo, que se apresenta levando essas ideias através de música, e cada um que vem compor a banda, o faz, apenas pelo lado musical, por ser fã de Hardcore e especificamente do som que produzimos desde 1998 ou pelo lado ideológico, de sentir a vontade levando a mensagem do socialismo a todos os cantos, ou melhor ainda, por ambos os motivos. Acredito eu (Fabio D.) que o Fokismo hoje é maior do que qualquer um de nós, que está na banda, ou mesmo que tenha feito parte dela em algum momento, pois, nem mesmo eu, que atualmente sou o membro mais antigo na formação, estive presente esses anos todos. Cada membro que entra, o faz sabendo o que vai tocar e que tipo de "bandeira" que vai ser levantada, pois isso é o Fokismo e jamais vai mudar, logo, mantemo-nos fiéis ao estilo de som e à ideologia inicial, afinal, seria bastante incoerente uma banda chamada Fokismo (nome originário de Foquismo que foi a tática de guerrilha usada pelas tropas lideradas por Fidel Castro e Che Guevara durante o processo da Revolução Cubana) cantar sobre algo que não o socialismo, mas, também, nunca nos limitamos apenas a isso, mesmo sendo essa a nossa tônica principal.

2) Levando então por esse lado, qual seria a importância real hoje, de ter algo que realmente seja além de apenas uma banda de hardcore? Haja vista que o público atual é bem diferente de alguns anos atrás, que já foi mais militante. Um grande exemplo disso é que, é bem mais fácil ser pedante e "cantar de galo" falando de coisas do tipo união e respeito, quando quase não há, do que coisas que seriam bem mais relevantes. Já que se tem o hardcore como uma das bases de plataforma de luta contra um determinado sistema vigente.

Fabio Downhill: Bom, vivemos a nossa realidade, sem nos importar tanto com a cena como um todo, pode parecer arrogância, utopia ou mesmo inocência de nossa parte, mas, apenas somos sinceros e seguimos fazendo o que acreditamos. Vejo que a cena HC do RJ hoje é formada em sua maioria pela classe média alta, com pensamentos de direita, quando não apolíticos, que só sabem reproduzir o visual, o som e o discurso que vêem em suas bandas favoritas gringas, mesmo que isso não reflita a sua realidade. Mas, vamos seguir acreditando que mais vale fazer um show num boteco pra 20, 30 pessoas que estejam lá pelo Hardcore do que tocar numa casa de shows para 1.000 modistas alienados. Uma frase de um figurão da cena carioca dita a mim (Fabio D.) anos atrás reflete bem o que é a cena do RJ: "Em vez de gastar grana investindo em show pra trazer banda de fora pro RJ e tomar prejuízo vocês deveriam investir em vocês e viajar e fazer o nome fora do Estado", mas, ainda acreditamos que o melhor é fazer pela cena, porque ela existindo agente ganha por isso, como consequência, porque foi isso que o hardcore nos ensinou. Seguimos acreditando na cena, independente do que ela nos dê de retorno.


3) Esse figurão fez boas colocações. (rs) Mas essa questão da cena existir ou não, e se importar ou não com ela também é bem complexa você não acha? Levando em conta que esse discurso de tocar num boteco pra 20 ou 30 pessoas também já está desgastado. De qualquer forma, sendo radical em nossas convicções ou não o que queremos é sempre uma casa lotada, independente de publico. Estou errado? 

Nane Medusa: - A cena existir ou não, só depende de nós mesmo. Hoje em dia tem a galera da Liga HC, que estão fazendo uns corres bem bacanas aqui no Rio. Mas é claro que sempre existe aquela panela que separa grande parte das pessoas que curtem o som. Tem alguns produtores que simplesmente marcam eventos no mesmo dia, na mesma área e com o mesmo estilo de banda, conclusão o público se divide e quem sai prejudicado são as bandas, que na maioria das vezes (ou se não todas) não ganham nada pra tocar. E ainda tem a galera que só vive reclamando que não tem shows, e quando rola, não levanta a bunda da frente do computador para prestigiar o evento e as bandas locais. Ou simplesmente, só vão aos eventos quando é banda de fora. Isso enfraquece ainda mais, o que nós consideramos de "Cena HC RJ".
Com tudo isso, como disse o Fábio, nós preferimos tocar pra meia dúzia de pessoas interessadas em curtir o som e trocar uma ideia com a banda depois, do que tocar pra 100 pelas sacos, que estão lá apenas "tampar buraco". O Fokismo tem letras e músicas bastantes expressivas, e não é todo mundo que curte. Ainda mais essa moda de HC NY e mosh. Mas mesmo assim continuamos na correria focados em nossos ideais.

4) Entendo perfeitamente o que vocês querem dizer. Mas levo em conta o fato de que, desde o final da década de oitenta quando comecei a me enturmar com essa dita cena, e já nos meados dos anos noventa essa reclamação de eventos vazios, shows na mesma data, prestígio às bandas de fora, são feitas aos milhares. E isso já se tornou um mantra entoado quase que ao megafone. Mas em contrapartida, não vejo mãos comprometedoras a mudar esse tipo de coisa. Posso estar sendo pessimista, mas é uma realidade. 
Por acompanhar a banda Fokismo por alguns shows notei algumas diferenças que levo em consideração e aqui ponho em pauta. Por exemplo. Quando o show não foi bom, ouve problema com equipamento, publico, e ou, até mesmo com os organizadores, vocês não mediram esforços para fazer essas colocações em publico na internet após os eventos. Talvez não seja isso que faz falta em nosso meio? Um confronto real e verdadeiro? Ou seja. Se não concordo com suas ideias, com sua postura, com sua forma de agir e coisas parecidas, eu vou até você e faço os meus questionamentos e há realmente uma troca de ideias. E não esse discurso de "Obrigado todos que compareceram!" "O Evento foi foda!" "O rolé foi maneiríssimo." Ou de pessoas que não se veem a anos e quando se encontram tem as mesmas conversas de sempre. Só falam de bandas, videos, cd´s e outras futilidades. 

Nane Medusa: O que acontece é que ninguém quer assumir que já fez um show de merda. Coisa que às vezes rolam, e é super normal. Pode ser questão de maturidade e/ou vaidade de algumas bandas e produtores postarem que o show foi foda! Tem dia que a P.A. está horrível e o som sai péssimo; tem show que a banda não toca bem; e também tem evento que não tem público. Mas muitas bandas da Cena HC RJ prefere exibir fotos lindas, com os amigos cantando juntos e colocar que o show foi foda do que assumir os pontos fracos da noite. Já temos 15 anos de estrada, e aprendemos que shows ruins acontecem por "n" motivos. Por isso, fazemos questão de após todos os shows fazer uma breve resenha do que rolou. Muitas vezes para o pesadelo dos produtores e das bandas que tocaram. (rs)

5) Existem alguns pontos interessantes em suas colocações. O primeiro "somos uma República Socialista Democrática e não só uma banda", e o segundo entre outros, é quando vocês se referem essa tal "moda de HC NY e mosh". Bom seguindo pela primeira colocação acredito que de alguma forma vocês teriam algumas colocações a serem feitas sobre os acontecimentos em nosso país, as manifestações, a mídia, o estado e como vocês tem de alguma forma se envolvido. Quanto a segunda, eu gostaria de antes fazer algumas observações. Se o nome Hardcore Novaiorquino se refere a algo especificamente nato, porque quando as bandas cariocas, e até mesmo o próprio Fokismo, diz "Rio de Janeiro Hardcore" não existe uma pegada especificamente carioca, se é que isso existe?

Fabio Downhill: Então, vamos por partes, primeiramente estivemos (alguns dos membros da banda, não todos) presentes nas manifestações, mais especificamente no início destas, quando o "movimento" se mostrava mais autêntico e independente. Mesmo assim, ainda nos posicionamos a favor de tudo que for contra o sistema, e que apresente alguma proposta de mudança, sendo manipulado ou não, sendo apolítico ou não. No momento, ainda mantemos contato com alguns membros dos Black Bloc's, e pode ser que venhamos a ter alguma participação mais efetiva, como banda, e não apenas como indivíduos nesse processo atual. Quanto a mídia a nossa postura é a mesma desde sempre, ela é manipuladora, e não adianta sermos inocentes e atacarmos as organizações Globo apenas, TODA a grande mídia manipula a verdade de acordo com seus próprios interesses, sejam eles políticos, religiosos ou os mais torpes que sejam.
Quanto ao rótulo HCNY é simples, é o som que foi popularizado mundo a fora e inicialmente feito (e muito bem feito) por bandas como Agnostic Front, Sick Of It All, Madball e Warzone, entre outras. E, não, infelizmente, não existe um Hardcore feito no RJ com características próprias, e vejo eu que em quase lugar nenhum do mundo, com raríssimas exceções como a cena finlandesa, por exemplo e a já citada de NY. Gostaria de aproveitar o retorno do assunto à pauta e esclarecer que nem eu (Fabio D.), nem ninguém do Fokismo tem nada contra o estilo de HCNY, muito pelo contrários somos fãs das bandas seminais do estilo e de várias de nossa cena, como Norte Cartel e Crença & Fúria, por exemplo, mas, criticamos o modismo desenfreado, que vem rolando por aqui, assim como no final dos anos 90 era o grunge, e depois o HC melódico, o emo, e mais recente o metalcore.

6) Quanto as manifestações, quando você diz que no inicio o "movimento se mostrava mais autêntico e independente." Você questiona o fato de ter sido o contrário? Pois eu acredito que no inicio sim, houve uma seriedade, mas o entusiasmos de muitos que nunca haviam presenciado esses tipo de protesto, os levou a um quase "oba oba". Mas que seria fato, que ao longo do tempo a coisas ficaria mais concentradas, e específicas. Uma prova disso é que não há mais tantas publicações nas redes sociais sobre os ocorridos, apenas dos reais interessados e diretamente ou indiretamente envolvidos com a coisa toda. Aproveitando o desenrolo, qual é a sua expectativa para o futuro do país depois desse "primeiro passo". Acredita em alguma mudança política, ou até mesmo na cogitação de um Golpe de Estado como dizem?

Fabio Downhill: Não, em minha opinião, mesmo com a galera do oba-oba envolvida e eles eram maioria, temos que admitir, acho que o movimento era, até mesmo por isso, bem mais espontâneo, e aos poucos foi sofrendo influências, seja dos partidos políticos, seja de movimentos e organizações civis e não-governamentais, até os integralistas, galinhas verdes, discípulos do merda do Plínio Salgado estão envolvidos atualmente....Ainda assim, como eu digo, acho válido e necessário, embora não acredite que vá resolver algo. Acredito sim, que isso tudo, pode ter uma forte influência da extrema direta (sobretudo no vandalismo) para gerar um alarmismo e justificar uma intervenção contra o governo petista, que convenhamos se não é o que esperávamos, e deixa a desejar, ainda assim, está anos luz à frente dos anos de governos militares e/ou PM-debistas, colloridos e tucanos. A mídia manipuladora quer nos impor a verdade de que os anos de governos petistas foram apenas de escândalos e roubalheira desenfreada, quando, na verdade, isso sempre foi a tônica de nossa falida república, só que, como contava com o apoio desta (vide apoio das Organizações Globo aos governos dos generais e a Veja aos tucanos) era tudo feito às escondidas e assim ficava longe do conhecimento do povo.

7) Voltando à banda. Fale-me um pouco sobre a formação atual, as músicas mais recentes, as influências tanto no som quanto nas coisas que vocês vêm lendo pra compor as letras? E, se a banda Fokimo não levantasse a bandeira vermelha comunista / socialista qual seria a ideologia mais próxima que vocês abraçariam e por quê?

Fabio Downhill: Atualmente estamos com a Nane no baixo e voz, o Xurréia na guitarra, eu (Fabio Downhill) nos vocais e com um novo batera, o Victor. As influências continuam sendo as mesmas que usamos e abusamos no “Único Opção", ou seja, história política brasileira e mundial, sob o ponto de vista "vermelho", musicalmente, acho que estamos buscando, desde o já citado EP de 2011, um resgate de nossas raízes no punk/HC dos anos 80. Mas, na verdade, toda vez que a formação muda, a gente se renova, acrescenta influências novas e perde outras, mas, sem deixar de manter a essência do Fokismo, então, ainda não temos ideia do que vem de novo pra banda, embora já tenhamos 3 sons novos inéditos prontos e que vinham sendo tocados a quase um ano e vão estar em nosso próximo trabalho. Se não fossemos socialistas seríamos e somos, Antifascistas, como era mais a temática de nossa DT "Questão de Justiça" de 1999, por motivos óbvios e naturais.

8) Por onde passei acompanhando vocês; notei mesmo essa questão da banda ter muita expressividade. Tanto no som quanto na forma que vocês se apresentam. Já cheguei a ouvir alguns comentários bem legais durante os shows, inclusive pelo fato de vocês terem uma mulher na banda, que antes já foi mais natural, hoje com a cena bem machista e segregada, isso não acontece muito. Vocês teriam algo a dizer sobre isso?

Fabio Downhill: Primeiramente, não vejo que temos expressividade, pois não tocamos nos maiores shows nem nos melhores lugares do RJ, geralmente vivemos o DIY ao extremo e produzimos os nossos próprios shows, muito pelo contrário, meu amigo, vemos um certo "apartheid" contra bandas que se posicionam e expõem suas opiniões políticas nas letras, mas, ainda bem, que isso é algo pertinente aqui, à nossa cena do RJ, assim, como vemos má vontade de determinados produtores com bandas que não fazem o som da moda. Mas, quero deixar claro, que isso não nos incomoda, nos incentiva a continuar sendo fiéis ao que acreditamos que o Fokismo é, e ao que acreditamos ser o Hardcore pra gente. É aquela velha estória de tocar num bar pra 20 ser melhor muitas vezes do que numa casa de shows pra 2.000....Mas, recebemos sim, o carinho sincero de poucos, mas, honestos fãs do estilo que fazemos, que se identificam com nosso som, letras e postura, e isso nos impulsiona a continuar na ativa. Então, o fato da cena de hoje ser machista e segregadora está intimamente ligado ao que falei anteriormente, ou seja, se você tem postura, se posiciona, se expõem, "desce do muro", você incomoda, assusta e é segregado, ou não é entendido. Eu, sinceramente, tenho dúvidas até aonde isso é fruto de ignorância, alienação e até aonde é mesmo preconceito, segregação clara, pelo que é diferente. Vemos a participação da Nane na banda, como de mais um membro, vemos as pessoas pelo que elas são, como agem, e não por seu gênero. E, ela faz parte da família que nos tornamos nos últimos anos.

9) Pra começarmos a fechar nosso bate papo, vocês conseguiriam traçar um histórico desde o primeiro trabalho da banda até hoje, traçando o percurso feito de um álbum para outro e qual foi o momento mais importante? E conseguiriam também fazer algumas colocações sobre o que pensam pro futuro?

Fabio Downhill: Acho que a questão da importância é muito relativa, sobretudo dentro do Hardcore e mais ainda se tratando de Fokismo, que, literalmente "rema contra a maré", mas, podemos dizer que lançar a DT "Questão de Justiça" em K7 ainda, pois não existia a facilidade à tecnologia do CD, como hoje, e distribuir em torno de 500 fitinhas pelo mundo, foi bastante importante. Isto fez com que tivéssemos músicas novas gravadas por uma banda da Argentina (G.E.N.), e nos proporcionasse visibilidade nas cenas dos países vizinhos, que nos renderam grandes amizades. Também foi bastante importante voltar à ativa em 2005, produzindo nossos próprios shows, geralmente, e movimentando uma cena apática na ápoca (bem pior do que hoje), e logo depois, lançarmos o EP "América Latina", que nos abriu muitas portas, nos levou a shows em São Paulo, Jundiaí, Vila Velha, Recife e Natal, dentre outras cidades do Estado do RJ. Mas, acredito, que internamente, o momento mais importante teria sido em 2009, após a saída de nossa "cozinha" que estava junta a anos (o baixista Bangu e o baterista Wágner), e eu (Fabio Downhill) e o guitarrista Xurréia conseguimos seguir em frente, especialmente com a entrada da Nane, no final de 2009, que nos deu um gás e se adequou perfeitamente à banda, tornando-nos uma verdadeira família, independente do baterista que esteja com a gente. Dali para a produção e lançamento de "Única Opção", na minha opinião a melhor "coisa" que fiz na minha vida, tratando-se de arte, foi uma consequência extremamente importante para nós. Para o futuro, não traçamos muitos planos, pois é bem normal pra nós, nunca cumprir os prazos (risos), mas, para 2014 pretendemos gravar e lançar um novo trabalho, que pode ser apenas virtual, queríamos lançar um DVD de 15 anos da banda, temos bastante imagens, mas, nos falta tempo para se dedicar a isso (se tiver algum selo ou produtor interessado em participar do projeto, estamos abertos a negociar), e pode ser que consigamos apenas no próximo ano, no mais, é conseguirmos nos manter ativos, ensaiando, compondo e fazendo shows, o que, dentro da atual realidade que vivemos é uma grande vitória.

10) Bom, acredito que nossa conversa foi bastante produtiva. Nós precisamos dar um jeito em nossa cena, de irmos além dos palcos. Isso é superimportante. Vamos fazer o seguinte, existe algo ainda bem considerável que vocês gostariam de deixar pra nossos leitores? E aproveita faz aquela preza de sempre, deixa algumas indicações pra gente, e obrigado por tudo.


Nane Medusa: Acreditamos em nossos ideais acima de qualquer coisa, e trabalhamos nossas músicas em cima disso e largamos o foda-se para os modistas. Então é isso! Cole nos shows, troque uma ideia com as bandas e se possível, compre os materiais, pois são com eles que a banda consegue se locomover e divulgar o seu som. Recomendamos algumas bandas parceiras nossas, tais como: P.R.O.L., Arrested For Possession, Comando Delta, Serial Killer, Repúdio, Subversivos, Infecção raivosa, Nark, Nação Corrompida, Nômades e One True Reason, Dias de Guerra, Norte Cartel, Orror, e Sociedade Armada.

Bom hardcore a todos!



Para ouvir a banda Fokismo, ter contato com os caras e obter mais informações, acesse: 



Twitter: @fokismohc

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Cariocas Uber Alles, por Josie and the PussyRiots



Versão para a música California Uber Alles, do Dead Kennedys.

Letra:

Eu sou o governador Sérgio Cabral
Muito cuidado, pois eu tenho o pre-sal
Ainda serei presidente

Meu P2 tá infiltrado
O molotov foi pro lado errado
Querem saber como vai ser na Copa?
Me diz depois, porque eu vou pra Europa
Me diz depois, porque eu vou pra Europa!

Cariocas uber alles!

Voltem pra sua UPP
Amarildo, cadê você?
Erradicaremos a pobreza
Matando pobres, mas que beleza

Ocuparemos as favelas
Com o evangelho de Marcelo Crivella
De lá de cima, uma bela vista
Do império de Eike Batista

Cariocas uber alles!

Sejam bem-vindos a 2016
Controlaremos todos vocês
Esse será o nosso regimento
Sob o controle de Capitão Nascimento

Bomba de gás e efeito imoral
Oposição aqui vai se dar mal
Não se preocupem, é só um choque ordem
Sem mais protestos ou todos morrem

Explodiremos os bueiros
Apagaremos os bombeiros
E se acham pouco, ainda tem mais
Depois de mim, Eduardo Paes
Depois de mim, tem Pezão e Paes!

Cariocas uber alles!

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Funk, Samba, Rock. E uma venda nos olhos.


Ok, eu confesso.
Depois de passar o domingo ouvindo o vizinho gastar todas as suas forças ouvindo Pagode nas alturas, depois de estar em um belo evento daqueles de som pesadão que os leigos chamam de Rock In Roll, na Lapa, aqui no Rio de Janeiro, eu finalizo a noite assistindo entrevista da cantora Anitta no programa De Frente com a Gabi.
Que final de semana hein?!
Levei tanto tempo pra fazer um “ensaio” como este e tudo vêm à mente justamente nessa madrugada “miscigenada”. Mas vamos lá. Não vou arriscar; é só um bate papo.
Ouvindo essa menina de vinte anos que estourou no Funk Carioca à pouco tempo e suas colocações sobre as críticas de seu trabalho e sua agora caminhada para o pop, como outros do tipo Naldo e o tal Coringa, três coisas me chamaram a atenção. Primeiro. Pelo contrario que muita gente pensa, a garota não começou agora e tem uma historinha legal. Segundo. Seu ponto de vista, suas influências e o modo que se comporta, é interessante. Terceiro. Até que ponto realmente essas duas questões anteriores fazem realmente diferença e podem chamar minha atenção?
Ráh! Pegadinha do Malandro. (rs)
O fato é. Quando se fala de música, nós somos extremamente preconceituosos. Há os que dizem, “Eu sou eclético, ouço de tudo!” Mas em determinado momento, ele vai dizer, “Ah! Não. Isso não.”.
Não estou aqui pra defender um estilo ou outro, mas é interessante quando se tem outros olhos quanto a essa cultura. Aqui no Rio de Janeiro por exemplo. Uma cidade tropical, linda, porém, cheia de problemas sociais como em outros lugares. Parece só existir uma ou duas formas de fazer sucesso na música. Ou se apela pra sensualidade, ou se apela pra... Espere ai, vou tomar um café!
(...) Opa, voltei!
Onde eu estava mesmo?
Ah sim. Lembrei!
O Funk Carioca. (rs)
Vamos lá...
Então. Quando se fala de funk, vocês vão dizer assim, “Não gosto.” Ou, “Eu gostava quando era Funk Melody.” E, “Eu gostava do Rap de antigamente”.
Mas espere um pouco. Porque você diz essas coisas?
Porque o batidão de hoje te remete a apenas bundas? Rebolados, quiçá, orgias?  
Fala sério! Vai me dizer que quando você escuta um “Tchun, Tchá, tchá, tchun, tchun, tchá!” Você não sente um negocinho? Não? E no samba? Quando rola aquele bumbo frenético? Se, não sambar, no mínimo vai levantar os dois dedinhos pro alto e fazer aquela dancinha de malandro da favela.
Meus amigos “Roqueiros” são quase religiosos quanto à música, mas isso passa. Já vi muito “Black Metal” com o tempo deixar suas Blck-Tshirt e rebolar até o chão. É sempre assim.
Mas quanto a Anitta, quanto ao Funk Carioca, eu coloco minhas pedras todas no bolso. Vou joga-las em outro telhado que não seja o meu. É o Beat Carioca, criado aqui. Na comunidade. E aqui não tem gueto, é favela!
Ninguém aqui estampa na testa “Sou do Rio de Janeiro” e fala de favela, de tráfico, corrupção, morte prostituição, ou, seja lá outras mazelas da cidade. Se for falar de paisagem, mulheres bonitas, calçadão da praia. Vai fazer Bossa Nova!
Agora tá ai, O Funk Carioca é Cult. É trilha sonora de novela das oito. É pra recepcionar o Papa.
A Anitta, o Naldo, o Mr. Catra, não estão errados não. Já estou até apostando umas moedinhas que essa menina vai desbancar pra outros ares. Como o Naldo esta fazendo. Por outras questões, claro; de sobrevivência. Mas não vai deixar sua pose de Garota Sensual não. Isso não.
Já fiz algumas colocações em texto anteriores sobre essa pegada do Funk Carioca. Ele é único, assim como o ritmo das escolas de samba daqui do Rio, cada uma com sua peculiaridade.
Frequentei Baile Funk por um tempo, sei do que estou falando, e já mencionei essas mudanças dos passinhos pra fase das brigas, disputa de galera, ostentação das roupas de marca, o proibidão, até chegar a hoje, ao quadradinho de quatro. _O.ô_
Acho que está na hora de tirar essa “Venda dos olhos”. A música sofre influências territoriais, é uma esponja mal lavada. Não tem pra onde correr.
A menina começou com dezesseis anos e fala de influências americanas, de Miami Bass, Rhythm And Blues de Soul Music, mas ela faz FUNK CARIOCA. Tá no sangue, não adianta.
Já ouviu a Claudia Leite falar das suas influências? Em uma entrevista lhe foi perguntado o que ela ouve em casa. Sabe o que ela respondeu? “Ah! Eu escuto Rock In Roll mesmo. AC/CD, essas coisas...”.
Se eu for fazer essa mesma “analogia” com o Tecno Brega do Nordeste, o Mangue Beat de Recife, ou até mesmo o Hip Hop de São Paulo, é a mesma coisa, existe a influência territorial, isso é fato.
Então, se não gosta de rebolar, se não faz seu tipo. Também não vem me dizer que seu pezinho não bate e você não tem vontade de fazer aquela velha dancinha da cabeça quando solta o pancadão. Essa tal sensualidade que o Funk proporciona é quase que natural, assim como em outras culturas musicais. Eu respeito seu gosto, assim como há um respeito quanto ao meu, agora dizer que é ruim. Há controvérsias!

sábado, 20 de julho de 2013

Dias Difíceis.


Existem coisas que são claras, mas existem coisas que são tão claras que ofuscam nossa visão.
Trocadilho infame né? Pode ser. Mas não é.
Eu tenho um amigo que diz que em alguns casos meu sarcasmo beira o deboche. Que sou manipulador. Outros dizem que tenho uma pegada meio de liderança. Inteligente, sagaz, que escrevo bem. Boa oratória. E alguns, estão pagando recompensa pela minha cabeça. Odeiam-me ferozmente! Ditador, soberbo, louco, inconsequente. Sou de tudo um pouco. Mas isso acontece com todo mundo, sempre. Estou mentindo? Claro que não.
Fora aqueles que dão a vida por você, sempre tem alguém que te odeia, e não quer nem olhar pra sua cara. E haverá sempre alguém no meio do furor, disposto a comprar a sua briga, te dar a mão e caminhar por um bom tempo. Satisfazer suas necessidades. Até não aquentar mais, e quase num revezamento quatro por quatro, outro vem e completa a caminhada.
Agora, vamos aos fatos. Ao assunto. São dias difíceis. Hoje em dia caminhar junto é um desafio. E esses ciclos estão cada vez menores. As relações humanas estão cada vez mais complicadas. Família, trabalho, amigos, relacionamento conjugal.
Comecei falando de mim porque é assim que funciona. Como diz outro amigo, “só a colher sabe a quentura da panela”. Mas isso não é de agora, não vou dar uma de “descobridor da pólvora”. Já faz tempo que o sistema prepara as pessoas para viverem assim, sós. Para terem a famosa liberdade. Se libertarem do “julgo do outro”. Todo mundo sabe disso, é fato. Tão claro e evidente, que já se tornou uma verdade absoluta. E sobre essa tal liberdade eu tenho minha tese. Ela não existe. Cada um de nós têm nossas convicções, e sobre elas construímos nossos palácios. Nossos alicerces. Somos escravos de nós mesmos. Buscamos criar vínculos pra dizer: “Olha aqui! Eu tenho meus amigos. Meus irmãos que eu posso confiar!” Nesses casos sabemos fazer política. Curtir. Compartilhar. Mas ainda sim. É difícil a vida a dois. Há sempre interesses, os que são postos com clareza e os que não são postos. É uma troca, eu lhe dou e você tem a obrigação de me devolver. Sabe por que a religião cresce, por exemplo? É anestésico. Porque é assim que funciona. Você faz com intuito de dizer: “Olha aqui, tô fazendo hein, vê se me abençoa, me leva à um bom lugar!”. Os ditados populares diem assim: “Somos todos descartáveis.” “Ninguém é insubstituível”. Então. Bola pra frente! Tem outro biscoite no pacote.
E não adianta filosofia, teologia, e outros “ias”. Vamos dançar essa dança louca e viciosa até parar tontos no mesmo lugar.
Tá brabo irmão!
Mas não estou aqui como “Cavaleiro do Apocalipse”. Um pessimista. Mas também não vou ficar fazendo discurso bonitinho com anotações do tipo “The Secrets”. Ou versículos bíblicos pra fundamentar o que estou dizendo. São fatos, e contra fatos não há argumentos. O mau da humanidade está fundamentado nessa verdade. É cada um por si. Não Precisamos nem queremos ninguém pra dar satisfações.
Aprendi na escola que quando se escreve sobre algo; quando se faz crítica, por exemplo, no final de suas colocações você tem que dar uma solução pro problema. Então vamos lá! Pra terminar esse desabafo. Para que as coisas melhorem, vou tirar o “coelho da cartola”. Precisamos amar uns aos outros, dar sem esperar em troca. Amar incondicionalmente. Ráh! Piada. Tem alguém disposto? Tem nada. Falar de amor é pra novela das oito. Não é mesmo? Mas a gente insiste. Somos teimosos. Falamos nisso o tempo todo.
Ah! E por falar em amor. Alguém aqui pode me explicar um pouco? Mas, faz o seguinte. Me liga. Estou com trinta e seis anos e antes de morrer quero que alguém me mostre como que se faz isso. Na prática. Já ouvi e falei tanto disso. Não é possível que vamos ficar só nessa teoria medíocre e com essa filosofia barata escorrendo na tela de nossos computadores não é verdade? Em algum momento, em algum lugar acredito que chegamos perto desse sentimento. Mesmo sem saber do que se trata. Não é possível. Vamos tirar tudo de dentro desse saco podre, velho e nojento e jogar tudo no chão. Talvez possamos separar algumas coisas e começar a definir outras. Ou, deixa tudo como está, cada um por si.
Não devemos nada a ninguém não é mesmo!
Quem paga minhas contas? Quem paga as suas?
Então...

 
Publicado em: Gilson Rodrigues

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Entrevista com *Rafael. Feira Moderna Zine.

    
  Eu sou péssimo em gravar datas. Mas em um passado longínquo, (rs) quando por ventura me envolvi com o universo dos fanzines, e comecei a editar um pequeno fanzine chamado Manifesto, tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas interessantes. Este pequeno fanzine se tornou o Grosso Calibre, um fanzine de proporções um pouco maior, mas com a mesma pegada. Recheado de resenhas, textos, indicações e claro, muita indignação. 
Foi exatamente neste período de muito tempo gasto com recortes, montagens e muito dinheiro gasto com xeroz que comecei a receber um grande número de cartas em minha residência interessados e trocar material. Foi assim que chegou em minhas mãos o Feira Moderna Zine, ou pelo menos o flyer do mesmo. Logo em seguida, em alguns shows já foi possível notar que seria possível uma aproximação com os idealistas do FMZ. Foi assim que conheci o Rafael, e a partir de então começamos a trocar algumas ideias bastante interessantes.
É com ele o bate papo que segue aqui no Contrapondo. Vamos conferir?
Caso tenha interesse em também prolongar esse contato. No final dessa troca de ideia você pode deixar a sua opinião ou entrar em contato conosco.
Fique a vontade. E boa leitura!


Rafael, vamos lá! Não tem como nós começarmos essa conversa sem lhe perguntar sobre o Feira Moderna Zine, esse sim merece uma pergunta de praxe. Há quanto tempo você está nessa correria e como faz ainda em tempos modernos de internet pra manter um trabalho tão tenso, e melhor, ainda com versão impressa?


Cara, o fanzine Feira Moderna Zina (FMZ) existe desde 2002. Começou num formato bem diferente deste que tem hoje. Como a maioria dos fanzines, xerocado e circulando com poucas cópias. Só a partir do número sete (se bem me lembro, entrando no terceiro ano) passamos a lançá-lo como um jornal. A questão da internet hoje soa muito mais clara pra mim do que há alguns anos atrás. O FMZ demorou muito para ter uma versão online da forma que deveria; com atualizações constantes e tudo o mais. Levou certo tempo pra cair a ficha que a versão impressa precisava de uma versão online, e, creio eu, que o contrário também. Uma versão dá sustentação, visibilidade à outra. Embora a versão impressa ainda seja a 'principal'.




Confesso que a cada número impresso que lançamos, sentimos que a coisa vai ficando mais complicada. E isso em todos os aspectos: os custos, a gráfica, enfim. Anunciante hoje em dia é muito mais difícil. Mesmo as trocas de anuncio por materiais (que já não eram o ideal pra nós, mesmo no começo), hoje soam ainda mais inviáveis. Já que as vendas de materiais em shows diminuíram muito. O jeito é manter com nossos próprios recursos. E vida que segue. Mas, pra nós, a satisfação de ver mais um número pronto, circulando, compensa sem a menor sombra de dúvidas.


Como você faz pra manter todas as informações? Haja vista que pelo menos hoje, só vejo você como representante do FMZ nos eventos, se não estou enganado. E as matérias sempre são legais, como se você estivesse o tempo todo ligado nos eventos. Coisa quase impossível! (rs)


Hoje no FMZ somos dois. Eu e o Rodolfo Caravana, que participa da versão impressa com uma coluna e chegando junto comigo nos custos. A versão online, onde rolam as notas, matérias de shows e tudo mais, ficam por minha conta. Com exceção de uma ou outra entrevista, as poesias e algumas coisas que recebemos de colaboradores, como você por exemplo. Estar presente nos shows e eventos também é por minha conta. Gosto realmente de escrever sobre música, dar opinião, me expressar. Não encaro como um trabalho, ou algo penoso, sabe lá. Basta conseguir organizar o tempo e dormir um pouco menos às vezes (é preciso ganhar a vida) que é tranquilo. Claro, ir pra rua com a banquinha e estar nos shows são, sem dúvida, a melhor parte. E mesmo que não houvesse o FMZ, creio que estaria frequentando os mesmos lugares. Talvez carregando menos peso, mas indo aos mesmos lugares. (rs)

Sinceramente, não me imagino fazendo outra coisa, frequentando outro meio. O underground é a causa que escolhi. A única coisa na qual acredito hoje é em arte e cultura (ou contracultura, como queiram) como ferramenta de mudanças. Não acredito em militância partidária, na classe política. Encaro o Estado como inimigo, agente repressor, limitador do indivíduo, e duvido das intenções de qualquer grêmio, união dos estudantes disso ou daquilo, ou, seja lá o que for. Logo, minha forma de militância, de fazer política, de interferir, protestar é minha atuação no meio underground. Sendo assim, não tem como o trabalho não soar prazeroso ao extremo! 


Legal. E já que tocamos no assunto, "underground / contracultura". O que isso significa realmente pra você? Acredito que quando menciona, por exemplo, "O underground é a causa que escolhi." Você ainda tem muita coisa pra dizer. Então, desenrola isso pra gente!


Acredito realmente no poder transformador da arte, da música. Tenho certeza que se não tivesse, num dado momento de minha vida, esbarrado em fanzines, determinadas bandas, discos e livros minha vida teria tomado um rumo muito diferente, e eu seria outra pessoa. De alguma forma, prefiro que tenha sido assim.

Entendo que cada cidadão tem um papel importantíssimo na construção de nossa sociedade. Assumir esse papel ou não, é escolha de cada um. Estou falando do cotidiano, do dia a dia, das pequenas atitudes e posturas adotadas. Há diversas formas de interferir no espaço, no todo no qual estamos inseridos. Mesmo o sujeito que exerce seu ofício, sua profissão de forma honesta, correta, está de alguma forma contribuindo. Alguns vão além, optam por determinados tipos de militância, enfim. E, ao menos eu, encontrei a forma de me expressar e participar, agir, interferir através do meio underground. Foi onde tive contato com ideias que condiziam com a forma como eu me sentia (e ainda me sinto) perante o mundo e ferramentas para expressá-las. Seja tocando, escrevendo, produzindo, divulgando, não importa. Estou difundindo cultura, informação, trocando ideias. É a forma como deixo claro para o mundo que existo e que penso. 


Dentre estes anos de caminhada com o FMZ, qual foi a parceria que você mais considera relevante dentro de todos estes aspectos colocados quanto a underground / militância, e ou, até mesmo só em termos de cultura?


Essa pergunta é difícil! (rs) 
Logo quando o fanzine começou, os primeiros anunciantes foram fundamentais. Por causa deles surgiu a Latitude Zero Distro. (por falta de grana, era bem comum a galera das distros trocar anúncios por CDs; daí comecei a montar banquinha nos shows, pra tentar transformar os 'pagamentos' pelos anúncios em grana viva!) e vimos que era possível 'crescer', mudar o formato, ir pro jornal e aumentar a distribuição. Da mesma forma, a galera da correspondência, da troca de cartas, fanzines e flyers também foi fundamental para espalhar o nome do FMZ. 

Tem também a galera que, assim como eu e outros aqui pelo Rio de Janeiro, monta as banquinhas nos shows. Por mais que a galera de fanzine curta a coisa da troca de correspondências, nada substitui o contato direto, pessoal. É diferente você entregar e/ou receber um fanzine num show. Estar em contato com quem vai ler o material que você produz e sentir a reação.

De qualquer forma, foram muitos parceiros ao longo do tempo. Tanto no FMZ quanto nos outros projetos, inclusive produção de shows. E por mais que pareça clichê, acho que se aplica o mesmo que defendo com relação ao meio underground como um todo: todas as peças da engrenagem são importantes, fundamentais. O cara que pegava um flyer nosso e colocava dentro de uma carta e mandava junto com um fanzine pra um contato dele não faz ideia do quanto contribuiu. O mesmo valendo pro sujeito que foi num show e pegou uma cópia do fanzine numa banquinha.


Rafael, você acha que a galera hoje mudou muito? Por exemplo, no auge dos fanzines no passado, como na época em que eu editava o Grosso Calibre que se tornou o Contrapondo, eu chegava a receber quase dez cartaz por dia. Um absurdo! E tudo nesse "nype" como você mencionou, as vezes poucas palavras, mas muitos contatos para retorno. Na verdade, a minha pergunta é a seguinte. Qual a diferença notada hoje para os que são leitores do FMZ, dos frequentadores dos shows e dos que pegam contigo o zine pra leitura? Vou até ser um pouco pedante, mas você acha que a molecada hoje sabe a importância de um fanzine na cena?


Temos que levar em consideração que a forma como se consome cultura, de modo geral, hoje é muito diferente de dez, quinze anos atrás. E isso se reflete no meio underground. É inevitável. Hoje as coisas estão muito mais simples. Um clique e você tem uma discografia inteira de uma banda 'lado b' no seu computador ou celular! Não dá pra querer que o cara que já encontrou o cenário com todos esses dispositivos e 'facilidades' à disposição se relacione com uma banda, fanzine ou com determinado gênero musical da mesma forma que a gente que camuflou grana em papel carbono na carta pra comprar demo, que esperou meses por um fanzine, tomou volta de espertinho, ou coisa parecida.


Mas ainda acho que tem, sim, uma garotada tão interessada no meio underground quanto nós. É claro que a quantidade de fanzines impressos diminuiu, mas vira e mexe recebo materiais! Tem mostras rolando por aí, enfim. Vez por outra dou de cara com uma molecada que só conhece e-zine! Ficam espantados com o fato de ainda haverem fanzines impressos. E gostam, trocam contato, acompanham. E ainda surgem novos fanzines por aí! Parece-me que, talvez, seja dever nosso (os mais cascudos) encontrar formas de não deixar certos valores se perderem. Demos lançadas no formato físico, bandas iniciantes, fanzines impressos e por aí vai, tudo isso merece ser valorizado. E as pessoas envolvidas, idem! 


Vamos aproveitar esse momento histórico que vivemos hoje aqui no Brasil e falar um pouco de política? Qual é a sua perspectiva sobre os últimos acontecimentos, os protestos, a possibilidade de mudanças e os ataques aos órgãos públicos? Ou você assim como eu, apesar de ter esperança, sente um "cheiro estranho" de apenas euforia?

Bom. Vamos lá!



Cara há muito tempo que nós, envolvidos com o meio underground, cobramos essa coisa de ir pra rua, protestar, e se fazer ouvir, sair da 'zona de conforto', enfim... Acho ótimo que uma parcela da sociedade esteja fazendo isso. Confesso que desde o começo olhei a coisa toda com muita desconfiança, e até o momento permaneço assim: desconfiado. Tem gente por aí que é mestre em manipular opinião pública, e não me refiro apenas aos meios de comunicação. Espalham discursos e teorias das mais absurdas em redes sociais e afins... e fazem parecer a coia mais normal do mundo... Ainda assim me soa extremamente válido.

Mas creio que tão importante quanto a manifestação em si, é a forma como toda essa discussão irá, de fato, influenciar o dia a dia de cada um. É fundamental que todo esse surto de politização afete o cotidiano, os pequenos atos e posturas do cidadão. Ano que vem teremos eleições. E, minha desconfiança, passa justamente por esse 'cheiro estranho de euforia’ que você citou. Será que, menos até que os protestos em si, mas a discussão e toda essa indignação estarão presentes na hora de votar? Será que dura até lá?

Com relação aos atos: mesmo com os dois pés atrás; estive presente em dois deles aqui em Niterói. Mas acompanhar mesmo, até o final, apenas o segundo. Queria ver com meus próprios olhos e tirar algumas dúvidas. De fato, as reivindicações diziam respeito à coisas que também me afetam como cidadão (à grande maioria de nós, na verdade). Também ficou claro que os tais atos de vandalismo são praticados por grupos organizados (e que sabem bem o que estão fazendo). Não parte do cidadão de uma forma geral (o que seria plenamente justificável, dado o ponto que as coisas chegaram aqui no Brasil). Pude perceber isso aqui em Niterói, onde também houve confronto com a Polícia. Porém, após o ato em si, numa outra situação. (pra mim ficou bem claro isso)

A ação da PM não me surpreende e não deveria surpreender ninguém. Sempre agiram da mesma forma. Só quem nunca tomou uma dura na madrugada se espanta. Só que é um problema que vem desde que a PM existe. Seguem ordens que partem de seus respectivos governadores. E sequer passa pela cabeça de algum deles não fazê-lo. Com relação aos veículos de imprensa: a mesma coisa. Sempre agiram da forma que estão agindo, só que agora, com as mídias digitais e o acesso rápido e fácil à informação, assim, coisa ficou exposta, virou flagrante.

Quanto à tomada de prédios públicos: é simbólico, faz parte. É patrimônio do cidadão e, se é do desejo do cidadão ocupar o que é seu, que seja feito. Só acho que seria bacana que o povo, pra valer, estivesse presente nesses locais no dia a dia, cobrando de seus eleitos, seus funcionários, o que é obrigação deles fazer. Já seria um passo adiante e em tanto.

Outro ponto: Acho ótimo que haja rejeição às bandeiras de partidos, sindicatos, ou, seja lá o que for. A insatisfação é com o poder público, a classe política como um todo. Obviamente os partidos políticos estariam incluídos. São, parte de tudo isso. E também é de se esperar que os militantes partidários joguem 'cascas de banana' pro discurso dos 'apartidários'. De alguma forma, sentiram que 'ficaram de fora da festa' é ruim. Evocam a democracia para justificar a presença de suas bandeiras, mas no fundo são justamente essas bandeiras e siglas que atentam contra a democracia quando deixam os interesses do cidadão que os elege de lado e trabalham em benefício próprio. É justo negar a participação partidária quando as reclamações envolvem, inclusive, os próprios partidos.

E por mais que eu seja chegado a uma ‘teoria da conspiração’, ainda não dei de cara com nenhuma relacionada a tudo que tem acontecido que me convencesse. Pelo menos nada que desague num golpe militar ou coisa parecida. 

Enfim. Acho válido tudo que tem acontecido. Mas chego ao mesmo ponto que você. Fico me perguntando se isso tudo influenciará o dia a dia do cidadão e durará até as eleições. Aí sim, creio que algo realmente transformador possa vir a acontecer.


Seguindo a vibe, tenho me organizado com alguns amigos para incentivar o boicote, é a única manifestação pacífica que acredito. E como você mencionou, acredito também que alguns confrontos seriam inevitáveis, pois essa polícia corrupta e nojenta que mais dá medo do que os próprios ladrões, sempre foi o carrasco de quem gosta de curtir uma madrugada. Quando menciono o boicote, acredito que o mesmo pode ir mais além do que as eleições. Você concorda comigo?


Sim. Com certeza! A ideia me agrada imensamente. É uma forma ainda mais eficaz de não só manifestar a indignação, mas deixá-la registrada, impressa na história política do país. Na verdade, creio que o grande lance é deixar claro que pronunciamentos, pactos, medidas 'emergenciais' ou qualquer outra coisa do gênero não resolvem a questão. O problema é mais profundo. E isso passa, inclusive, pela questão dos partidos nas manifestações: não se trata de rejeição a partidos de esquerda ou direita. As pessoas estão insatisfeitas com a atuação dessas entidades de uma forma geral, não importa o posicionamento. Sempre entendi que se determinada empresa não presta um serviço satisfatório, não devo fazer uso de seus serviços. É a forma de deixar a insatisfação clara. Se o problema é com a classe política, que não lhes sejam dados nossos votos! É o que os sustenta! É bater onde dói!

Ainda sobre eleições: Não posso encarar como democrático um processo do qual sou obrigado a participar. O voto me parece ser a arma mais valiosa para exercermos nossa cidadania, mas a obrigatoriedade, a meu ver, tira todo o sentido da coisa. Desde que comecei a votar defendo o voto nulo como a única forma de manifestar insatisfação que o Estado me dá em uma eleição. Não aceito o discurso do “quem vota nulo não pode reclamar, está se anulando, abrindo mão de participar” Pra mim soa ao contrário! As pessoas que conheço que como eu anulam seus votos, me parecem ser as que mais se importam! As que já procuravam formas de manifestar sua indignação muito antes dessa garotada resolver ir pra rua. Insisto que acho válido tudo isso. Mas também entendo que nem o governo, nem a oposição querem (nem vão) de fato tocar em pontos que provoquem mudanças profundas. O voto obrigatório seria uma delas, no meu ponto de vista. E independente do que aconteça daqui pra frente, continuaremos no meio da briga deles por poder. E aí, as eleições do ano que seriam, sim, a hora de manifestar a indignação da forma mais contundente possível. 


Existe um espaço dentro do FMZ que trata diretamente destes assuntos, política / filosofia de vida, ou isso acaba refletindo naturalmente nos outros conteúdos? Você acha que um manifesto, impresso, distribuído em shows ainda pode fazer alguma diferença quanto a isso?


Sim, as colunas e artigos em ambas as versões do fanzine apontam quase sempre para assuntos distantes do universo musical, salvo uma ou outra exceção. As poesias, na versão online (no próximo número impresso vou tentar dar mais espaço para os poetas, inclusive), são outro exemplo. Acho muito difícil falar de arte sem, necessariamente, tocar em aspectos comuns à vida cotidiana. Já que a arte acaba sendo reflexo do que as pessoas vivem, de uma forma ou de outra.

Com relação a um manifesto, ou qualquer outra ferramenta que traga as pessoas envolvidas com o cenário underground para discussões envolvendo temas, aparentemente, alheios ao meio: são extremamente válidos. Vou me apropriar de um depoimento do Bolinho da banda Kopos Sujus, publicado recentemente em um grupo no Facebook: Ele colocava a necessidade de trazer para o meio underground a discussão de temas relacionados ao cotidiano, política, e cidadania por exemplo. Ele frisou, inclusive, o fato de não ser algo que precise aparecer obrigatoriamente nas letras das bandas, já que nossa atitude em participar do meio underground já é uma atitude política por natureza. Aliás, no que concordo plenamente com ele.

É importantíssimo, principalmente pra galera mais nova, sentir que o meio underground também pode ser um caminho para exercermos nossa cidadania. Afinal, estamos ali produzindo e consumindo cultura. Não a cultura imposta por grandes veículos de comunicação. Não a cultura ou o discurso da direita ou da esquerda, necessariamente. Mas, talvez, um novo olhar, outra forma de enxergar e compreender as coisas, diferente da grande maioria, independente. Por que não aproveitar isso? Creio que muitos dos assuntos levantados nas manifestações e protestos poderiam contribuir muito com esse processo de discussão, debate, troca de ideias e, quem sabe, mais pra frente não surjam novos fanzines, informativos, manifestos ou qualquer coisa do tipo, fruto de tudo isso? Já temos os espaços e o ambiente propício para algo nesse sentido acontecer. Você não acha? 


Com certeza Rafael, temos o espaço sim! E esta posição de achar que podemos dar muito mais do que apenas expomos nas letras de nossas canções já é algo que venho batendo com força em quase todas as minhas colocações. Isso é de suma importância. Ainda mais em momentos como o atual, de manifestações em nosso país.

Bom meu caro, nossa conversa foi bastante satisfatória. Como os interessados em criar uma parceria com o FMZ podem estar fazendo e o que você deixa pra gente de interessante para lermos, aproveitando mais uma vez nosso momento político, que possa talvez nos deixar com uma visão um pouco melhor para o futuro?


Maravilha! Valeu pelo espaço e pelo papo, meu camarada! Quem quiser fazer contato é só mandar e-mail (latitudezeroprod@yahoo.com.br)! Pode demorar de vez em quando, mas faço o possível para dar retorno a todos. O FMZ está aberto a quem quiser colaborar, participar, seja lá de que forma for! Parcerias são sempre muito bem vindas! E antes de encerrar, vou bater na mesma tecla: o momento é propício, temos tudo pra fazer de nosso 'mundinho under' bem mais que o show no final de semana, a camisa de banda ou a pose pra foto no Facebook... Acho difícil que alguém consiga dizer, com certeza, no que tudo isso que vem rolando vai resultar. Pode, inclusive, não dar em nada... De qualquer forma, entramos num momento importante de discussão, debate e 'politização' que (mesmo duvidando de engajamento/militância 'instantâneos') pode render muita coisa interessante.

Minhas dicas de leitura? Vou tentar não fugir muito de temas e coisas que tratamos em nosso papo, ok?


“1984” (George Orwell) – Fundamental!!!

“A Revolução dos Bichos” (George Orwell) – Fundamental!!!

“O Castelo” (Franz Kafka) – Fundamental!!!

“O Processo” (Franz Kafka) – Idem...rsrsrs!!!

“O Que é Anarquismo” (Caio Tulio Costa)

“Punk: Anarquia Planetária e A Cena Brasileira” (Silvio Essinger)

“A Onda Maldita: Como Nasceu e Quem Assassinou a Fluminense FM” (Luiz Antônio Mello)

“Niterói Rock Underground: 1990-2010” (Pedro de Luna)

Peço licença pra enfiar um doc. na lista, tudo bem?

“Fanzineiros do Século Passado – Volumes I, II e III” (Marcio Sno) - Os três números são incríveis! Vale muito a pena!




Latitude Zero Prod.
Puplicações: Feira Moderna Zine / Consciente Coletivo Zine

Artistas:
Inércia
Projeto Mosquitos
Rafael A.
Xarles Xavier

Eventos: Festival Barulhada! : FMZ Apresenta: Narcose Rock Clube : Rock na Garagem : Go Girls Rock Fest. : Mostra EDITAR de Publc. Indp.

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