quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Entre a genialidade e a loucura, talvez haja bom senso.

A história humana é um cemitério de certezas e um berçário de ideias improváveis. Aquilo que, em um tempo, é considerado insanidade, em outro se torna o motor da civilização. Entre a fogueira das heresias e o altar dos heróis, há um território nebuloso onde transitam os que ousam ver além e que, não raramente, pagam o preço da incompreensão.

Nikola Tesla foi um desses exilados da compreensão imediata. Falava de transmitir energia sem fios quando a maior parte das cidades ainda se iluminava a gás. Morreu sozinho, cercado por anotações e projetos que soavam como devaneios. Hoje, é cultuado como um profeta da eletricidade.

Galileu Galilei ousou apontar seu telescópio para o céu e afirmar que não éramos o centro do universo. Por isso, ouviu a sentença da Igreja e experimentou o silêncio imposto aos que afrontam dogmas. Sua “loucura” científica, no entanto, abriu caminho para a era moderna.

Albert Einstein, com seus cabelos desalinhados e teorias que deformavam tempo e espaço, foi chamado de visionário, e de tolo. Mas quando os eclipses confirmaram suas equações, ele mudou para sempre a física e, com ela, a própria ideia de realidade.

Charles Darwin provocou não apenas debates acadêmicos, mas tempestades morais ao propor que viemos de uma longa cadeia de adaptações e não de um ato único e perfeito. O que para alguns era blasfêmia, para a ciência, era um salto.

Há ainda os que não inventaram máquinas, mas criaram paradigmas de outra ordem. Van Gogh, cuja obra hoje vale fortunas, morreu pobre e incompreendido, pintando o que via com os olhos e sentia com a alma. Ou Frida Kahlo, que transformou dor física em arte eterna.

Até mesmo os irmãos Wright foram vistos como sonhadores ridículos antes de fazer o ar obedecer. E, mais recentemente, Steve Jobs foi taxado de excêntrico obsessivo antes de redefinir a relação entre humanos e tecnologia.

O que todos têm em comum? Não é apenas genialidade nem pura loucura, é a capacidade de sustentar uma visão mesmo quando o mundo inteiro oferece riso ou desprezo em resposta. É uma teimosia lúcida, quase sempre confundida com delírio.

Talvez, entre a genialidade e a loucura, haja algo mais raro: bom senso. Não o bom senso da conformidade, mas o que nos lembra que todo avanço começa com uma pergunta inconveniente, uma ideia impraticável e alguém disposto a ser ridicularizado por acreditar nela.

Estamos enterrando dons, crucificando profetas e banalizando sábios na nossa própria história. Nos tornarmos descrentes e repetidores de jargões falsos, imitando uns aos outros como ecos vazios, seguindo tendências como cordeiros e, por fim, nos enforcando em praça pública com as próprias cordas que ajudamos a trançar. Não permita que suas ideias sejam afogadas num balde raso de julgamento. Transforme-as na sua mola propulsora, capaz de dividir o tempo em antes e depois de você. 

Levanta e anda!


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