inspirado por Jack London, escrito com alma
Às vezes é preciso sentar à beira do abismo.
Não para pular.
Mas para lembrar que ele existe.
Que a queda é real.
E que a vida, por mais que te empurre, também te permite escolher onde firmar os pés.
*"Eu queria poder viajar. Atravessar as neves do Yukon, ver homens enlouquecerem de febre e fome, sentir a centelha que a cidade adormece, sentir o fogo ancestral."
E é isso que o abismo revela.
Não o fim.
Mas o que ainda pulsa antes dele.
Sentar à beira é um ato de coragem.
É dizer:
“Eu vejo o caos. Mas não fujo dele.”
É olhar o fundo escuro e não buscar explicação, mas presença.
É deixar que o vento bata no rosto e diga, sem palavras:
— Ainda há vida em ti.
Porque o abismo é só uma moldura.
A paisagem está em ti.
No que escolhes ver.
No que suportas sentir.
E no que decides carregar de volta quando te levantares.
Aqueles que nunca se aproximam da borda, não conhecem o peso das próprias asas.
Vivem seguros, mas rastejam.
Tu não.
Tu te sentas. Observas. Silencias.
E voltas com os olhos de quem já morreu por dentro, e mesmo assim resolveu viver.
Às vezes é necessário, sim, sentar à beira do abismo.
Não como fuga.
Mas como rito.
Porque há uma beleza brutal em contemplar o que poderia te destruir, e ainda assim escolher caminhar.
...
*Parágrafo baseado em leituras de Jack London.
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