Silêncio.
Nenhuma notificação.
Nenhum briefing.
Nenhuma expectativa.
Só você, o vazio e o tédio.
Mas é justamente aí, nesse intervalo entre a última ideia e a próxima cobrança, que a centelha aparece.
Criar não é obedecer. Criar é escutar o que ainda não foi dito. É permitir que a mente vague, tropece, invente. É deixar que o ócio germine mundos.
Criatividade não nasce sob vigilância. Ela detesta holofotes demais, metas engessadas e o tal “tem que funcionar”.
Ela prefere os cantos escuros do inconsciente, o deslize no processo, o erro que vira estilo, o improviso que vira assinatura.
O problema é que a maioria quer ser genial sem arriscar o ridículo. Quer acertar de primeira.
Quer agradar a todos com algo que ninguém jamais viu.
Mas isso é contradição, covardia intelectual.
Criar exige liberdade, espaço, deixar as ideias germinarem, e até um pouco de rebeldia.
Você não vai inventar nada novo enquanto estiver tentando ser perfeito.
A perfeição é uma jaula dourada onde o pensamento morre sem nem perceber
Hoje em dia, há estímulo demais e pensamento de menos.
As redes sociais nos deram o vício da comparação e a síndrome do aplauso imediato.
Mas a criatividade não se desenvolve na pressa. Ela é bicho do mato. Selvagem. Vem quando você se perde. Quando solta o controle.
Quando tem coragem de perguntar:
"E se eu fizer diferente?"
Seja honesto: você tem medo de errar ou medo de não ser amado?
Porque são coisas diferentes.
Quem cria com verdade sabe que vai ser incompreendido por alguns. E tudo bem.
A missão não é agradar, é despertar.
Cutucar. Expandir. Desprogramar.
O pensamento engessado é o maior inimigo do fogo criativo.
Se você está esperando permissão, já perdeu.
O verbo criativo é ação, é tentativa, é laboratório constante.
E às vezes, o melhor que você pode fazer por sua obra é… ficar entediado.
Sim, o tédio. Esse estado marginalizado pela produtividade moderna.
Ele é o parquinho da criatividade.
Lá, a mente se desamarra. Brinca. Conecta pontos. Relembra sonhos. Testa o impossível.
Sem like. Sem pauta. Sem objetivo. Só pela magia de criar.
Então, da próxima vez que o tédio bater…
Não fuja.
Sente. Respire. Desligue tudo.
E pergunte:
"E se…?"
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