terça-feira, 10 de junho de 2025

O TÉDIO É O PARQUINHO DA CRIATIVIDADE

Silêncio. 

Nenhuma notificação. 

Nenhum briefing. 

Nenhuma expectativa.

Só você, o vazio e o tédio.

Mas é justamente aí, nesse intervalo entre a última ideia e a próxima cobrança, que a centelha aparece.

Criar não é obedecer. Criar é escutar o que ainda não foi dito. É permitir que a mente vague, tropece, invente. É deixar que o ócio germine mundos.

Criatividade não nasce sob vigilância. Ela detesta holofotes demais, metas engessadas e o tal “tem que funcionar”.

Ela prefere os cantos escuros do inconsciente, o deslize no processo, o erro que vira estilo, o improviso que vira assinatura.

O problema é que a maioria quer ser genial sem arriscar o ridículo. Quer acertar de primeira.

Quer agradar a todos com algo que ninguém jamais viu.

Mas isso é contradição, covardia intelectual.

Criar exige liberdade, espaço, deixar as ideias germinarem, e até um pouco de rebeldia.

Você não vai inventar nada novo enquanto estiver tentando ser perfeito.

A perfeição é uma jaula dourada onde o pensamento morre sem nem perceber

Hoje em dia, há estímulo demais e pensamento de menos.

As redes sociais nos deram o vício da comparação e a síndrome do aplauso imediato.

Mas a criatividade não se desenvolve na pressa. Ela é bicho do mato. Selvagem. Vem quando você se perde. Quando solta o controle.

Quando tem coragem de perguntar:

"E se eu fizer diferente?"

Seja honesto: você tem medo de errar ou medo de não ser amado?

Porque são coisas diferentes.

Quem cria com verdade sabe que vai ser incompreendido por alguns. E tudo bem.

A missão não é agradar, é despertar.

Cutucar. Expandir. Desprogramar.

O pensamento engessado é o maior inimigo do fogo criativo.

Se você está esperando permissão, já perdeu.

O verbo criativo é ação, é tentativa, é laboratório constante.

E às vezes, o melhor que você pode fazer por sua obra é… ficar entediado.

Sim, o tédio. Esse estado marginalizado pela produtividade moderna.

Ele é o parquinho da criatividade.

Lá, a mente se desamarra. Brinca. Conecta pontos. Relembra sonhos. Testa o impossível.

Sem like. Sem pauta. Sem objetivo. Só pela magia de criar.

Então, da próxima vez que o tédio bater…

Não fuja.

Sente. Respire. Desligue tudo.

E pergunte:

"E se…?"

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