segunda-feira, 5 de junho de 2017

Minha Redenção.


O caos social, e a desordem frenética de nossas idiossincrasias em busca da felicidade; servindo como plateia nesse circo de horrores contemporâneo, está nos adoecendo. Estamos num vai e vem ininterrupto como gados ao abatedouro, frustrados. Uma multidão de gente solitária.
Algum tempo atrás tive a experiência de dar um renovo na minha vida. Uma repaginada na minha integridade como ser, nesse mundo cão, hostil, e perverso. Foi um start desses em meio a um buraco negro ao qual me encontrava, que a vida, e o divino, resolveram me proporcionar, me dar mais uma chance, um salto mais alto do que eu imaginava que poderia dar.
Quando encontrei-me diante do desafio, parei, respirei fundo e olhei pra trás vendo quanto tempo eu perdi pra mim mesmo e resolvi encarar. O desafio, era encontrar dentro de mim, o elo perdido entre eu, e eu mesmo. Saber quem eu realmente era, minha essência que havia sido apagada.
Então. O primeiro passo foi o reconhecimento, reconhecer que estava em meio as trevas. Afogado em meus medos, fugindo de mim mesmo, me anulando, me auto-sabotando o tempo inteiro.
Notei, que por muito tempo deixei de ser eu por causas alheias. Assombrado por fantasmas e fantoches do sub consciente de gente vazia. De gente que foge das suas próprias responsabilidades, que fogem delas mesmas o tempo todo. Assim, notei, que estava sendo sugado, mesmo estando vazio. Vivendo as sombras da inexistência alheia.
Foi então que busquei minha redenção. Passei a olhar por outra janela do meu ser. Sim! Eu estava direcionando meu coração, minha busca pro lado errado, pro lado de fora e não pra onde realmente eu encontraria de fato o caminho a buscar clareza pra um equilíbrio necessário.
Passei também a me livrar de coisas, idéias, pessoas, comportamentos. Tudo que de certa forma por um bom tempo me serviu apenas como subterfúgios. Lancei mesmo de mão. E me desapeguei de coisas visíveis e invisíveis. Tudo que não me agregava mais valor algum. Muletas, âncoras, anestésicos, paliativos, gente vazia, gente que vive como um parasita; sub existindo as sombras da sub ou não existência de outros. Idéias carregadas apenas como acessórios​ de van guarda. Nossa! De quanto lixo me livrei.
Não aguentava mais caminhar entre aquela manada de zumbis existenciais, sem propósito, e sem lugar.
Aquele espírito coletivo, fruto de um sistema macabro, auto destrutivo, e depreciativo ja não fazia mais parte do meu mundo, já havia tempo, muito tempo; e eu precisava fugir daquilo, mesmo estando ancorado; algemado a uma paixão negra, fúnebre. Uma espécie de câncer da alma! Uma imagem lúdica de um anjo lindo e perfeito que apenas escondia o um demônio rude e cruel, sem o menor escrúpulo.
Iniciar essa nova vida, não foi fácil. Fazer o caminho inverso ao qual todos sempre me proporam, foi nadar contra a maré. Negar a si mesmo. Ouvir de gente próxima a você, de familiares e de pessoas que você ama, que o errado na história toda é você, por não querer e não aceitar mais os valores medíocres e mesquinhas que sempre nos norteavam. Ser conivente com seu modo de vida irresponsável, sombrio e tenebroso, sempre maquiado com o glamour dos sorrisos falsos? Não. Não dava. Não deu!
Pulei fora. Passei a olhar pra dentro de mim, busquei o amor próprio, o respeito. Passei a trilhar outros caminhos, outros ares, outra atmosfera. Tentei levar alguns comigo, mas a missão era minha, só minha naquele momento.
Fui obrigado a desarquivar dejetos nos escombros do meu ser, tudo em prol de destruir personagens que criei pra meu auto sustento. Reconstruir meu caminho não mais como coadjuvante, mas como ator principal. Retomei as rédeas do meu ser. Descobri que a liberdade é uma faca de dois gumes e ter sabedoria é saber usar o lado certo, na hora certa. É ter o equilíbrio necessário pra se manter de pé na corda bamba da vida. Nos autos e baixos de nossas bruscas emoções.
Tenho menos tempo daqui pra frente do que já tive quando olho pra trás. Então, resolvi que a partir de agora preciso decolar com calma, fazendo todo o cheking antes de ligar o motor. Apreciar a pista de decolagem, ligar os motores, pôr os cintos de segurança e começar a subir. Até que estiver pronto e deixar tudo no piloto automático.
Hoje, encontrei uma luz escondida no fundo do meu peito, um diamante, a luz do desapego, a luz da criação, a luz que me leva a leveza da vida, que me leva a ter uma caminhada mais saudável. Uma vida de gratidão, até que tudo dê bom no meu interior se transborde.
Estou em busca da paz em meio ao meu próprio caos. Quero agora enxergar as cordas, as amarras e as algemas que impedem meu crescimento como homem, como ser humano. Quero enxergar as nuvens negras e densas que me cercam no dia a dia.
Quero expulsar os demônios fantasiados de anjos que sussurram nos pés dos meus ouvidos um amor ralo, vazio cercado de mentiras e supérfluo. Como foi no passado.
Agora meu foco é administrar essa nova etapa. Esse primeiro passo que é reconhecer que o horizonte é logo ali. Mudar, mudar e mudar sempre. Emanar de dentro pra fora todo esse Reino Celeste que foi apagado pelas circunstâncias da vida dentro de mim.
Finalizo esse prólogo, dizendo: Deus é bom em todo tempo. E em todo tempo Ele, em sua sabedoria eterna, nunca me deixou em falta. Porém, deixou-me caminhar com minhas próprias pernas por caminhos tortuosos. Deixou-me tomar as minhas próprias escolhas, e me perder em mim mesmo. Pra assim depois; surdo, cego, e mundo. Em meio ao deserto, libertar-me.
Sou grato pela vida.
Sou grato pelos os que estiveram e estam do meu lado.
Sou grato pelo confronto que me trouxe até aqui; pelas guerras internas travadas sozinho no escuro do meu quarto, entre o vão negro do travesseiro e o teto.
Estou de volta a vida, de volta a quem realmente eu sou.
Obrigado Deus por toda a sua criação, visível e não visível. Pela eternidade passada, pela presente. E principalmente pela eternidade futura!
Estou me reencontrando.
OBRIGADO.

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