Segunda parte do ensaio sobre Punk Rock / Hardcore
“Faltavam dois meses até chegar àquela data e nós já estávamos
compartilhando as ideias e todo mundo já estava curtindo. Só faltavam cinco minutos para o
pessoal começar a plugar os instrumentos no dia marcado e nós já estávamos ali
nos espremendo entre o pequeno espaço entre os músicos e nós. Dois microfones
além do reservado ao vocalista já havia sido disponibilizados para o “Sing Along”,
essa é a forma mais importante de dizer que ali não há espaço para artistas,
somos todos iguais.”
Pergunte a qualquer um o que tudo aquilo significava, e
em um espaço pequeno de tempo no alvoroço da situação o máximo que você vai
ouvir é a seguinte frase:
“Eu
trabalho todos os dias duramente, aturando esse sistema macabro lá fora, ansioso
por isso aqui. Por estar com meus amigos!”
É assim que funciona. Aceitamos o desafio!
Não há como responder o que é Hardcore.
Ou porque ser Punk.
Em tese, pode-se também dizer que além do velho lema “Paz e Amor” e o já massificado discurso
contra miséria e fome, nós nos reunimos também pra discutir contra os temas que
em geral sempre oprimiram os homens desde os primórdios das sociedades humanas,
independente de classe social a que pertencem. Eu sou capaz de descrever todo o
desfecho de uns três dias de evento com tudo o que gostamos. Amostras,
palestras, vídeos, tudo sem se quer citar o nome de uma banda envolvida, e
você, meu caro leitor, ficará em êxtase total, empolgado para frequentar nossas
próximas reuniões. E propositalmente, é isso que irei fazer, não vou citar
bandas como exemplo e nem vou mencionar pessoas, não vou fazer nada que possa
limitar essa ideia. Nem mesmo uma imagem irá acompanhar este texto.
É isso que a crítica sempre quis que fizéssemos; pressionando-nos
para definirmos o que somos, nos limitasse e em fim nos domesticasse.
A razão é simples, domesticados, somos mais um na
estante.
Mas, infelizmente, meu discurso acaba aqui. Nos deram esse
rótulo. Nos chamaram de Punks e nossa música de Hardcore, e vice-versa. E chegamos
onde estamos. Tentamos mudar por várias vezes, nos esquivando para todos os
lados. Tornamos nosso visual mais grotesco, fizemos músicas mais rápidas,
ficamos mais agressivos e eles não desistiram, vieram atrás de nós. O “estabilishment”
nos persegue como persegue qualquer movimento cultural.
Pegamos suas músicas longas de solos intermináveis que
rendiam rios de dinheiro e transformamos em palavras de ordem de dois ou três minutos
no máximo e sujamos suas guitarras, vocais e arte visual, tudo que tem direito.
E então após matar o “escorpião que dilacerava seu veneno” chamado de música
progressiva, com o Hardcore nasce o “Darth Vader” da música comercial, o Trash
Metal, o Death, Grind, Splater, Gore, tudo “muito bem elaborado”, porém podre e
sujo, sobre a essência inicial, (sem controvérsias[rs]) tudo pra fugir do
mercado capitalista.
É, mas não deu certo.
Em qualquer loja de roupas, seja ela de grife ou não
você encontra o seu “Look Punk Rockeiro” e em qualquer loja de música você vai
encontrar uma banda revezando seus vocais em melódicos, berrados, guturais e
outros mais.
Mas nós não desistimos, como eu mencionei na primeira
parte deste ensaio, somos uma ideia e ideias permanecem perpetuando.
Continuamos de pé.
Insistimos.
*Somos duros de roer!
*(O Sarcasmo aqui
fica por minha conta) (rs)
Concordo com que vc disse: "somos uma ideia e ideias permanecem perpetuando".
ResponderExcluirE continuamos insistindo, e fazendo que o verdadeiro sentido do hardcore exista. Seja ele qual for....