quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Penélope, e sua ingrata liberdade

Jovem. Antes dos quinze anos, ela já estava apaixonada. Amor platônico. Isso a gente nunca sabe quando acontece. Mas acontece. E ela deixou que isso acontecesse periodicamente. Durante a sua vida inteira. Era seu sustento.
O poder de ir e vir sem precisar dar explicações, e sem dar satisfação a ninguém, era fantástico, a dominava.
Ser e estar com quem for era maravilhoso. Isso não tem, e nunca teve importância pra ela. A síndrome de Ovelha Negra da família a perseguia. Porém, era o fardo de Maçã Podre na caixa que a atormentava. Sem saber.
'Pra quem não sabe pra onde vai, qualquer caminho serve'. Assim seguia, a pobre menina mulher.
Uma paixão; um mundo novo. E a absorção de tudo que lhe era apresentado. Assumia qualquer papel, qualquer personagem. Fácil.
O que era belo, suscetível, favorável, ela abraçava. Vivia o momento. E só.
Por não ter nada, ela sempre teve tudo. Entrava e saía de qualquer mundo como ninguém. Imperceptível! Invisível a si mesma. Pobre garota, mulher.
Como uma onda que quebra sempre no mesmo lugar, mas que nunca é a mesma, ela sabia exatamente até aonde pudia chegar. Ou não, as vezes. Já que limites, ela os mesmo traçava.
Penélope é uma mulher! E a liberdade sua paixão. Mas não sabe o que fazer da vida. Mas faz o que não sabe com perfeição.
Ela não sabe quem é. Louca, sã. Desvairada.
Ela não tem nada. Ela não é ninguém. É apenas a Penélope. E pronto, ou, ponto.
Penélope é livre. Livre pro mundo. Mas escrava de si mesma. De seus atos,de suas escolhas.
O vazio que lhe consome, preenche o mundo a sua volta. Ela é cega, surda e muda. Mas sabe pra onde vai, o que ouve, e o que fala. Por sustento. Pro sustento. Mas não assimila nada.
Apenas, caminha.
Pra nós. Um ensaio, um ensinamento. Uma novela, um personagem. Assistimos, e sabemos justamente o caminho que ela persegue. O mesmo, sempre. Repetindo, e repetindo.
Penélope, e sua ingrata liberdade.

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