segunda-feira, 29 de julho de 2013

Funk, Samba, Rock. E uma venda nos olhos.


Ok, eu confesso.
Depois de passar o domingo ouvindo o vizinho gastar todas as suas forças ouvindo Pagode nas alturas, depois de estar em um belo evento daqueles de som pesadão que os leigos chamam de Rock In Roll, na Lapa, aqui no Rio de Janeiro, eu finalizo a noite assistindo entrevista da cantora Anitta no programa De Frente com a Gabi.
Que final de semana hein?!
Levei tanto tempo pra fazer um “ensaio” como este e tudo vêm à mente justamente nessa madrugada “miscigenada”. Mas vamos lá. Não vou arriscar; é só um bate papo.
Ouvindo essa menina de vinte anos que estourou no Funk Carioca à pouco tempo e suas colocações sobre as críticas de seu trabalho e sua agora caminhada para o pop, como outros do tipo Naldo e o tal Coringa, três coisas me chamaram a atenção. Primeiro. Pelo contrario que muita gente pensa, a garota não começou agora e tem uma historinha legal. Segundo. Seu ponto de vista, suas influências e o modo que se comporta, é interessante. Terceiro. Até que ponto realmente essas duas questões anteriores fazem realmente diferença e podem chamar minha atenção?
Ráh! Pegadinha do Malandro. (rs)
O fato é. Quando se fala de música, nós somos extremamente preconceituosos. Há os que dizem, “Eu sou eclético, ouço de tudo!” Mas em determinado momento, ele vai dizer, “Ah! Não. Isso não.”.
Não estou aqui pra defender um estilo ou outro, mas é interessante quando se tem outros olhos quanto a essa cultura. Aqui no Rio de Janeiro por exemplo. Uma cidade tropical, linda, porém, cheia de problemas sociais como em outros lugares. Parece só existir uma ou duas formas de fazer sucesso na música. Ou se apela pra sensualidade, ou se apela pra... Espere ai, vou tomar um café!
(...) Opa, voltei!
Onde eu estava mesmo?
Ah sim. Lembrei!
O Funk Carioca. (rs)
Vamos lá...
Então. Quando se fala de funk, vocês vão dizer assim, “Não gosto.” Ou, “Eu gostava quando era Funk Melody.” E, “Eu gostava do Rap de antigamente”.
Mas espere um pouco. Porque você diz essas coisas?
Porque o batidão de hoje te remete a apenas bundas? Rebolados, quiçá, orgias?  
Fala sério! Vai me dizer que quando você escuta um “Tchun, Tchá, tchá, tchun, tchun, tchá!” Você não sente um negocinho? Não? E no samba? Quando rola aquele bumbo frenético? Se, não sambar, no mínimo vai levantar os dois dedinhos pro alto e fazer aquela dancinha de malandro da favela.
Meus amigos “Roqueiros” são quase religiosos quanto à música, mas isso passa. Já vi muito “Black Metal” com o tempo deixar suas Blck-Tshirt e rebolar até o chão. É sempre assim.
Mas quanto a Anitta, quanto ao Funk Carioca, eu coloco minhas pedras todas no bolso. Vou joga-las em outro telhado que não seja o meu. É o Beat Carioca, criado aqui. Na comunidade. E aqui não tem gueto, é favela!
Ninguém aqui estampa na testa “Sou do Rio de Janeiro” e fala de favela, de tráfico, corrupção, morte prostituição, ou, seja lá outras mazelas da cidade. Se for falar de paisagem, mulheres bonitas, calçadão da praia. Vai fazer Bossa Nova!
Agora tá ai, O Funk Carioca é Cult. É trilha sonora de novela das oito. É pra recepcionar o Papa.
A Anitta, o Naldo, o Mr. Catra, não estão errados não. Já estou até apostando umas moedinhas que essa menina vai desbancar pra outros ares. Como o Naldo esta fazendo. Por outras questões, claro; de sobrevivência. Mas não vai deixar sua pose de Garota Sensual não. Isso não.
Já fiz algumas colocações em texto anteriores sobre essa pegada do Funk Carioca. Ele é único, assim como o ritmo das escolas de samba daqui do Rio, cada uma com sua peculiaridade.
Frequentei Baile Funk por um tempo, sei do que estou falando, e já mencionei essas mudanças dos passinhos pra fase das brigas, disputa de galera, ostentação das roupas de marca, o proibidão, até chegar a hoje, ao quadradinho de quatro. _O.ô_
Acho que está na hora de tirar essa “Venda dos olhos”. A música sofre influências territoriais, é uma esponja mal lavada. Não tem pra onde correr.
A menina começou com dezesseis anos e fala de influências americanas, de Miami Bass, Rhythm And Blues de Soul Music, mas ela faz FUNK CARIOCA. Tá no sangue, não adianta.
Já ouviu a Claudia Leite falar das suas influências? Em uma entrevista lhe foi perguntado o que ela ouve em casa. Sabe o que ela respondeu? “Ah! Eu escuto Rock In Roll mesmo. AC/CD, essas coisas...”.
Se eu for fazer essa mesma “analogia” com o Tecno Brega do Nordeste, o Mangue Beat de Recife, ou até mesmo o Hip Hop de São Paulo, é a mesma coisa, existe a influência territorial, isso é fato.
Então, se não gosta de rebolar, se não faz seu tipo. Também não vem me dizer que seu pezinho não bate e você não tem vontade de fazer aquela velha dancinha da cabeça quando solta o pancadão. Essa tal sensualidade que o Funk proporciona é quase que natural, assim como em outras culturas musicais. Eu respeito seu gosto, assim como há um respeito quanto ao meu, agora dizer que é ruim. Há controvérsias!

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