terça-feira, 1 de outubro de 2013

Rock In Roll, Punk Rock e Hardcore.

Um pequeno ensaio.

Parafraseando uma passagem do filme “V de Vendeta” que eu gosto muito, gostaria de iniciar este pequeno ensaio dizendo:

“O homem é mortal, diferente das ideias, um homem pode ser morto e esquecido, mas uma ideia não. As ideias tem poder. Pessoas matam e morrem defendendo-as. Elas não podem ser beijadas, você não pode tocar uma ideia, beija-la, abraça-la. As ideias não sangram, não sentem dor, não amam e podem durar para sempre.”

Antes de tudo quero deixar este espaço em aberto para discursões, pois ninguém é dono da verdade, então, quem seria eu para me apossar da mesma nesse momento. Quem poder me ajudar, questionar e acrescentar, será muito bem vindo.
Alguns anos atrás, por livre e espontânea vontade, e por envolvimento com algumas militâncias, resolvi fazer um pequeno estudo sobre um estilo musical que eu me identifico, o Punk Rock / Hardcore.
Não fui muito longe. Até porque eu já tinha um envolvimento e já frequentava alguns lugares como shows, encontros, casa de amigos e etc.
Na época eu já havia também assistido alguns documentários, filmes e lido alguns livros sobre contracultura e isso me ajudou muito. Então o que eu precisava era apenas traçar alguns caminhos. Na verdade a história dar se inicio quando, por eu ter contato com algumas igrejas, (instituições) alguns amigos começaram a me convidar para desenvolver um trabalho de explanação sobre a cultura alternativa junto com outros colegas nos dividindo em tentar explicar algumas culturas urbanas que se adentravam as instituições e o pessoal não sabia lidar com aquelas ideias que permeavam a cabeça dos seus neófitos.
Este foi o momento em que me vi diante um desafio. Explicar algo inexplicável.
Falar sobre um estilo musical como o hardcore é limita-lo. Nós podemos traçar alguns caminhos, recolher um material, procurar o histórico territorial quem sabe; ouvir algumas músicas, trocar algumas ideias com pessoas envolvidas e assim em diante. Agora, chegar a um denominador comum. É meio complicado!
Meu desafio ainda se tornou maior.
No inicio comecei a desenvolver um trabalho com os jovens das igrejas, depois com as lideranças e logo, aos montes, foram chegando os mais idosos e completamente leigos de música em geral.
E como se falar de algo tão complexo quanto a música alternativa?
Então, aqui, novamente me escondo por trás da passagem mencionada no início do texto. São ideias. Ideias criadas no decorrer da história da música de uma forma generalizada.
Para entender não só o estilo aqui mencionado, mas também como todos os estilos da música alternativa, precisamos fazer uma viagem ao passado. E essa viagem não se deve ser limitada a música, se deve ser feita quase que rigorosamente paralela às questões sociais que diretamente e indiretamente irão influenciar a música.
E assim, para que meus companheiros pudessem se aproximar das ideias expostas nas músicas sujas e agressivas, de poucas ou muitas notas, nos berros ensandecidos ou nas “melodias chorosas” e nos visuais “exóticos” daqueles que frequentavam minha casa, tive que voltar no tempo, estudar um pouco sobre contracultura, ler alguns manuscritos de Jack Kerouac, Allen Guisberg, Willian Boroughs, Gregory Corso e aqui no Brasil, fazer um paralelo com os saudosos Jorge Mautner, com sua Mitologia do Kaos (Deus da Chuva e da Morte, Kaos e Narciso em Tarde Cinza) que pra quem não sabe influenciou muito Caetano Veloso, Raul Seixas, Cazuza, Renato Russo, Humberto Gessinger e outros. Ouvir algumas histórias contraventoras da Beat Generation que antecedeu os Hippies, e ouvir muita, muita música!
Além disso, foi muito prazeroso saber que a “Grande Depressão” americana e a Segunda Guerra Mundial foi um belo adubo para o crescimento dessa “Geração Perdida” que arrastou suas ideias até aqui. (aqui uso palavras de Jean Paul Sartre)
Bom, conclusão.
Como uma monografia que encontrei na internet durante este tempo de busca sobre contracultura, eu ficaria aqui horas e horas tentando explicar algo que você de forma alguma irá entender como já mencionei, se não frequentar alguns shows, trocar ideias com amigos, ler algumas matérias, livros, assistir documentários e etc.
A música em geral independente de estilo é um fenômeno de contracultura, e todos os seus estilos são ramificações ideológicas bem peculiar desse movimento que é sociologicamente de proporções continentais, movimento tal que influenciou a maneira em que estão organizados hoje os movimentos de luta pela igualdade de direitos, tanto quanto mulheres, homossexuais, os movimentos anti-racistas,  e os pela legalização da maconha por exemplo. Assim também como os movimentos pacifistas, as passeatas contra a guerra, pelo equilíbrio ecológico e muita coisa que fazemos na atualidade.

Lembrando e fazendo uma ressalva, que o termo “Rock In Roll” foi criado justamente nesta situação, onde uma ideia a princípio criada para andar na contra mão do mercado musical precisava de um nome; algo a ser identificado e também comercializado pela mídia. Assim como o “Hardcore” e o “Punk Rock”.
Então porque se alarmar com as “Chicas” andando pela cidade com camisas de “Bandas de Rock” que nem elas conhecem? Isso é Merch meu caro! Fashion!

Fico por aqui.
Caindo nessa teia desafiadora de editar este “ensaio” comprometedor indicando alguns materiais.

Leia, “On The Road” de Jack Kerouac, assista o documentário “Punk: Atitude”, o brasileiro “Botinada”, procure por um filme interessante chamado “In To The Wild”, traduzido no Brasil por “Na Natureza Selvagem” e para saber mais de Hardcore e PunkRock, compre muitos DVD’s,  CD’s, e vá aos shows e Gig’s organizadas por amigos.


Indique também este texto a outras pessoas e os incentive a falar sobre o assunto e nos fazer outras colocações e indicações. Será interessante!

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O Discurso de Tyler Durden (Clube da Luta)

Retirado do livro Clube da luta-Chuck Palahniuk

"Eu vejo aqui as pessoas mais fortes e inteligentes. 
Vejo todo esse potencial desperdiçado. 
A propaganda põe a gente pra correr atrás de carros e roupas. 
Trabalhar em empregos que odiamos para comprar merdas inúteis.
Somos uma geração sem peso na história. 
Sem propósito ou lugar. 
Nós não temos uma Guerra Mundial. 
Nós não temos uma Grande Depressão. 
Nossa Guerra é a espiritual. 
Nossa Depressão, são nossas vidas. 
Fomos criados através da tv para acreditar que um dia seriamos milionários, estrelas do cinema ou astros do rock. Mas não somos. Aos poucos tomamos consciência do fato. E estamos muito, muito putos. 
Você não é o seu emprego. 
Nem quanto ganha ou quanto dinheiro tem no banco. 
Nem o carro que dirige. 
Nem o que tem dentro da sua carteira. 
Nem a porra do uniforme que veste. 
Você é a merda ambulante do Mundo que faz tudo pra chamar a atenção. 
Nós não somos especiais. 
Nós não somos uma beleza única. 
Nós somos da mesma matéria orgânica podre, como todo mundo."

Tyler Durden, filme "O Clube da Luta"

terça-feira, 17 de setembro de 2013

HARD TIMES!


Faça-me um favor. Antes de começar a ler este pequeno (se assim posso dizer) desabafo, se despida de seus conceitos, e das suas “verdades absolutas” que lhe caem muito bem como uma camisa de força. Também, não pense em ninguém, apesar de quê, conforme as palavras vão fluindo, penso em todos vocês, meus amigos, parceiros e irmãos que sempre estiveram dispostos a rasgar o peito e assim como eu, se deixarem ser acessíveis. Então aqui, neste momento, olhe pra dentro de você mesmo, relaxe e faça o seu “Insight”. (O excesso de vírgulas foi proposital)
Em minha caminhada sempre conversei com muita gente, desde adolescentes aos mais experientes, gente de tudo quanto é pensamento. Religiosos, ateus, agnósticos, santos e profanos, (homens e deuses). Eu gosto disso, essas conversas sempre foram bem interessantes, e me levam a lugares na minha mente nunca antes habitáveis.
Mas faz alguns anos que uma coisa me incomoda bastante.
Estamos todos enlouquecendo. (sem uso de aspas)
É fácil se dizer que os tempos são difíceis, que não há mais amor, e que as pessoas estão cada vez mais individuais e frias. Isso tudo já virou roteiro de novela das oito. Todo mundo sabe. Mas a coisa é ainda mais profunda. Eu mesmo já quase esbravejei em alto falantes a frase que já se tornou um mantra em minha vida: “Os relacionamentos estão difíceis!”
E aqui, agora, imagino que algum desavisado já deve estar entrando pelas veredas espirituais e caçando aquele versículo bíblico pra dar aquela bela “chulapada”, igual se faz com  toalha molhada.
Por favor!
Ou no mínimo vai achar que vou desencadear um discurso que tudo isso é a “falta de Deus” ou coisas desse tipo.
Numa boa?
Acredito que subestimamos o nosso próprio poder de autodestruição.
A sobrecarga de informações e a falta dela são dois lados da mesma moeda. E Independente disso, as aflições vem umas atrás das outras, e a cavalo. Desde o mais pobre ao mais rico, do ateu ao pastor abençoado. Ninguém é de ninguém e nem quer ser.
Liberdade? Outra escravidão. Droga viciante!
Talvez, quanto a esse tipo de assunto, levanto em conta as conversas que já tive, os desabafos que já ouvi,  e as noites em claro, darei belos rodopios bem no estilo Dinho Ouro Preto, e não chegarei onde quero chegar. Porque são mais de dez anos ouvindo e compartilhando lágrimas estrondosas pelas esquinas da vida e mesas de bar.
Então, “pra concluir” mais alguns breves parágrafos.
Algumas pessoas, apesar de cercadas de amigos, de terem um rostinho alegre, e de viverem com tudo do bom e do melhor, ainda se sentem vazias. Algumas pessoas ainda cheias de Deus, ou de outra espiritualidade qualquer, contrariam as estatísticas, e também se sentem atormentadas. Loucas pra saírem daqui pra melhor.
Mas por quê?
A mente humana?
Doenças da alma?
Só Deus sabe.
Todos nós temos discursos prontos pra esse tipo de situação. Até passar por tal. E as convicções, tomam Red Bull e criam asas. São convicções até o raiar de um novo dia!
Somos como ratos raivosos engaiolados dentro de nós mesmos.
É meu caro, nos últimos dias, todas as noites, tenho colocado minha cabeça no travesseiro e pensado bastante. Converso com Deus, Ele fala comigo, às vezes fica quieto me ouvindo. E às vezes, (confesso até que na maioria delas) nem me lembro Dele.
Mas uma coisa eu sei, e é o que tem me deixado mais aflito...
As coisas não andam boas pra ninguém, pra ninguém irmão.
E sem querer ser pessimista, acho que não melhora não.
Se não houver uma boa reviravolta e começarmos a nos voltar uns pros outros, ainda teremos algumas surpresas.

“Só os loucos sabem!”

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Funk, Samba, Rock. E uma venda nos olhos.


Ok, eu confesso.
Depois de passar o domingo ouvindo o vizinho gastar todas as suas forças ouvindo Pagode nas alturas, depois de estar em um belo evento daqueles de som pesadão que os leigos chamam de Rock In Roll, na Lapa, aqui no Rio de Janeiro, eu finalizo a noite assistindo entrevista da cantora Anitta no programa De Frente com a Gabi.
Que final de semana hein?!
Levei tanto tempo pra fazer um “ensaio” como este e tudo vêm à mente justamente nessa madrugada “miscigenada”. Mas vamos lá. Não vou arriscar; é só um bate papo.
Ouvindo essa menina de vinte anos que estourou no Funk Carioca à pouco tempo e suas colocações sobre as críticas de seu trabalho e sua agora caminhada para o pop, como outros do tipo Naldo e o tal Coringa, três coisas me chamaram a atenção. Primeiro. Pelo contrario que muita gente pensa, a garota não começou agora e tem uma historinha legal. Segundo. Seu ponto de vista, suas influências e o modo que se comporta, é interessante. Terceiro. Até que ponto realmente essas duas questões anteriores fazem realmente diferença e podem chamar minha atenção?
Ráh! Pegadinha do Malandro. (rs)
O fato é. Quando se fala de música, nós somos extremamente preconceituosos. Há os que dizem, “Eu sou eclético, ouço de tudo!” Mas em determinado momento, ele vai dizer, “Ah! Não. Isso não.”.
Não estou aqui pra defender um estilo ou outro, mas é interessante quando se tem outros olhos quanto a essa cultura. Aqui no Rio de Janeiro por exemplo. Uma cidade tropical, linda, porém, cheia de problemas sociais como em outros lugares. Parece só existir uma ou duas formas de fazer sucesso na música. Ou se apela pra sensualidade, ou se apela pra... Espere ai, vou tomar um café!
(...) Opa, voltei!
Onde eu estava mesmo?
Ah sim. Lembrei!
O Funk Carioca. (rs)
Vamos lá...
Então. Quando se fala de funk, vocês vão dizer assim, “Não gosto.” Ou, “Eu gostava quando era Funk Melody.” E, “Eu gostava do Rap de antigamente”.
Mas espere um pouco. Porque você diz essas coisas?
Porque o batidão de hoje te remete a apenas bundas? Rebolados, quiçá, orgias?  
Fala sério! Vai me dizer que quando você escuta um “Tchun, Tchá, tchá, tchun, tchun, tchá!” Você não sente um negocinho? Não? E no samba? Quando rola aquele bumbo frenético? Se, não sambar, no mínimo vai levantar os dois dedinhos pro alto e fazer aquela dancinha de malandro da favela.
Meus amigos “Roqueiros” são quase religiosos quanto à música, mas isso passa. Já vi muito “Black Metal” com o tempo deixar suas Blck-Tshirt e rebolar até o chão. É sempre assim.
Mas quanto a Anitta, quanto ao Funk Carioca, eu coloco minhas pedras todas no bolso. Vou joga-las em outro telhado que não seja o meu. É o Beat Carioca, criado aqui. Na comunidade. E aqui não tem gueto, é favela!
Ninguém aqui estampa na testa “Sou do Rio de Janeiro” e fala de favela, de tráfico, corrupção, morte prostituição, ou, seja lá outras mazelas da cidade. Se for falar de paisagem, mulheres bonitas, calçadão da praia. Vai fazer Bossa Nova!
Agora tá ai, O Funk Carioca é Cult. É trilha sonora de novela das oito. É pra recepcionar o Papa.
A Anitta, o Naldo, o Mr. Catra, não estão errados não. Já estou até apostando umas moedinhas que essa menina vai desbancar pra outros ares. Como o Naldo esta fazendo. Por outras questões, claro; de sobrevivência. Mas não vai deixar sua pose de Garota Sensual não. Isso não.
Já fiz algumas colocações em texto anteriores sobre essa pegada do Funk Carioca. Ele é único, assim como o ritmo das escolas de samba daqui do Rio, cada uma com sua peculiaridade.
Frequentei Baile Funk por um tempo, sei do que estou falando, e já mencionei essas mudanças dos passinhos pra fase das brigas, disputa de galera, ostentação das roupas de marca, o proibidão, até chegar a hoje, ao quadradinho de quatro. _O.ô_
Acho que está na hora de tirar essa “Venda dos olhos”. A música sofre influências territoriais, é uma esponja mal lavada. Não tem pra onde correr.
A menina começou com dezesseis anos e fala de influências americanas, de Miami Bass, Rhythm And Blues de Soul Music, mas ela faz FUNK CARIOCA. Tá no sangue, não adianta.
Já ouviu a Claudia Leite falar das suas influências? Em uma entrevista lhe foi perguntado o que ela ouve em casa. Sabe o que ela respondeu? “Ah! Eu escuto Rock In Roll mesmo. AC/CD, essas coisas...”.
Se eu for fazer essa mesma “analogia” com o Tecno Brega do Nordeste, o Mangue Beat de Recife, ou até mesmo o Hip Hop de São Paulo, é a mesma coisa, existe a influência territorial, isso é fato.
Então, se não gosta de rebolar, se não faz seu tipo. Também não vem me dizer que seu pezinho não bate e você não tem vontade de fazer aquela velha dancinha da cabeça quando solta o pancadão. Essa tal sensualidade que o Funk proporciona é quase que natural, assim como em outras culturas musicais. Eu respeito seu gosto, assim como há um respeito quanto ao meu, agora dizer que é ruim. Há controvérsias!

sábado, 20 de julho de 2013

Dias Difíceis.


Existem coisas que são claras, mas existem coisas que são tão claras que ofuscam nossa visão.
Trocadilho infame né? Pode ser. Mas não é.
Eu tenho um amigo que diz que em alguns casos meu sarcasmo beira o deboche. Que sou manipulador. Outros dizem que tenho uma pegada meio de liderança. Inteligente, sagaz, que escrevo bem. Boa oratória. E alguns, estão pagando recompensa pela minha cabeça. Odeiam-me ferozmente! Ditador, soberbo, louco, inconsequente. Sou de tudo um pouco. Mas isso acontece com todo mundo, sempre. Estou mentindo? Claro que não.
Fora aqueles que dão a vida por você, sempre tem alguém que te odeia, e não quer nem olhar pra sua cara. E haverá sempre alguém no meio do furor, disposto a comprar a sua briga, te dar a mão e caminhar por um bom tempo. Satisfazer suas necessidades. Até não aquentar mais, e quase num revezamento quatro por quatro, outro vem e completa a caminhada.
Agora, vamos aos fatos. Ao assunto. São dias difíceis. Hoje em dia caminhar junto é um desafio. E esses ciclos estão cada vez menores. As relações humanas estão cada vez mais complicadas. Família, trabalho, amigos, relacionamento conjugal.
Comecei falando de mim porque é assim que funciona. Como diz outro amigo, “só a colher sabe a quentura da panela”. Mas isso não é de agora, não vou dar uma de “descobridor da pólvora”. Já faz tempo que o sistema prepara as pessoas para viverem assim, sós. Para terem a famosa liberdade. Se libertarem do “julgo do outro”. Todo mundo sabe disso, é fato. Tão claro e evidente, que já se tornou uma verdade absoluta. E sobre essa tal liberdade eu tenho minha tese. Ela não existe. Cada um de nós têm nossas convicções, e sobre elas construímos nossos palácios. Nossos alicerces. Somos escravos de nós mesmos. Buscamos criar vínculos pra dizer: “Olha aqui! Eu tenho meus amigos. Meus irmãos que eu posso confiar!” Nesses casos sabemos fazer política. Curtir. Compartilhar. Mas ainda sim. É difícil a vida a dois. Há sempre interesses, os que são postos com clareza e os que não são postos. É uma troca, eu lhe dou e você tem a obrigação de me devolver. Sabe por que a religião cresce, por exemplo? É anestésico. Porque é assim que funciona. Você faz com intuito de dizer: “Olha aqui, tô fazendo hein, vê se me abençoa, me leva à um bom lugar!”. Os ditados populares diem assim: “Somos todos descartáveis.” “Ninguém é insubstituível”. Então. Bola pra frente! Tem outro biscoite no pacote.
E não adianta filosofia, teologia, e outros “ias”. Vamos dançar essa dança louca e viciosa até parar tontos no mesmo lugar.
Tá brabo irmão!
Mas não estou aqui como “Cavaleiro do Apocalipse”. Um pessimista. Mas também não vou ficar fazendo discurso bonitinho com anotações do tipo “The Secrets”. Ou versículos bíblicos pra fundamentar o que estou dizendo. São fatos, e contra fatos não há argumentos. O mau da humanidade está fundamentado nessa verdade. É cada um por si. Não Precisamos nem queremos ninguém pra dar satisfações.
Aprendi na escola que quando se escreve sobre algo; quando se faz crítica, por exemplo, no final de suas colocações você tem que dar uma solução pro problema. Então vamos lá! Pra terminar esse desabafo. Para que as coisas melhorem, vou tirar o “coelho da cartola”. Precisamos amar uns aos outros, dar sem esperar em troca. Amar incondicionalmente. Ráh! Piada. Tem alguém disposto? Tem nada. Falar de amor é pra novela das oito. Não é mesmo? Mas a gente insiste. Somos teimosos. Falamos nisso o tempo todo.
Ah! E por falar em amor. Alguém aqui pode me explicar um pouco? Mas, faz o seguinte. Me liga. Estou com trinta e seis anos e antes de morrer quero que alguém me mostre como que se faz isso. Na prática. Já ouvi e falei tanto disso. Não é possível que vamos ficar só nessa teoria medíocre e com essa filosofia barata escorrendo na tela de nossos computadores não é verdade? Em algum momento, em algum lugar acredito que chegamos perto desse sentimento. Mesmo sem saber do que se trata. Não é possível. Vamos tirar tudo de dentro desse saco podre, velho e nojento e jogar tudo no chão. Talvez possamos separar algumas coisas e começar a definir outras. Ou, deixa tudo como está, cada um por si.
Não devemos nada a ninguém não é mesmo!
Quem paga minhas contas? Quem paga as suas?
Então...

 
Publicado em: Gilson Rodrigues

sábado, 30 de março de 2013

Mais uma dose.


Enquanto eu sinto o cheiro de terra molhada,
Vejo teu rosto transfigurado na fumaça do chá que sai daquela velha xícara.
Velhas assombrações, surto de paixão.
Óh, não!
Detesto essa palavra!
Paixão.
Temperatura febril, doce amarga lembrança que invade as noites sombrias.
Dê-me mais um gole...
Eu preciso de você como você de mim.
Catracas de um velho motor girando a todo vapor,
Droga. Aqui estou eu novamente lamentando.
Gozando lembranças daquela noite sordida.
Diz-me por quê?
Você nunca entendeu. Nunca entenderá!
Quer saber onde estou agora... (?)
Venha me encontrar.
Estou no mesmo lugar que nos encontramos na primeira vez.
Prove comigo mais uma doze.
E nos entorpeceremos juntos daquilo que nunca fomos capazes de provar.

sexta-feira, 29 de março de 2013

17: 58



Sinto sua falta.
Lembro-me quando nos encontrávamos e você quase sempre com poucas palavras e cabeça baixa segurava o meu queixo e beijava a minha boca como se aquele momento fosse a sua primeira vez.
Apaixonada, delirante.
Ainda sinto o cheiro e o gosto do seu batom.
Eu realmente sinto a sua falta.
Ninguém mais me deu tanta força como você,
Seu vigor, seu olhar, sua presença.
Difícil foi o dia em que como areia a deixei escorrer entre meus dedos.
Volta pra mim...
Abraça-me.
Não povoe mais os meus sonhos nem se ausente em meus pesadelo,
Seja a realidade que eu preciso,
Óh minha doce esperança! 

terça-feira, 26 de março de 2013

O Funk Carioca e sua "contribuição" social.


Mais uma vez me exponho a fazer algumas colocações.
Vamos lá!
O ditado já diz : "Gosto é igual... (a retina dos olhos) cada um tem o seu." E quando se fala de música então, é esse o caminho.
Esse ritmo, o tal Funk Carioca durante um bom tempo sofre mutações, como os outros estilos musicais é claro.
E a alguns anos atrás era assim, o Funk era um pouco "destinado a periferia". O pessoal se reunia pra dançar, paquerar e se divertir. Criar os famosos "passinhos".
E então não sei porque, (deixo essa parte para os sociólogos) a coisa começou a mudar. No baile, houve a época em que havia uma disputa de roupas de marca. Nessa época os moleques ostentavam, camisas, causas, bermudas e tênis tudo muito caro. Até mesmo cartões de crédito eram mostrados nas disputas. Assim surgiram muitas marcas se deliciando dessa pegada. As lojas nos shoppings davam volta no quarteirão, houve um crescimento absurdo de roubo de tênis nas ruas para alimentar o mercado negro.
Depois, os concursos de galera, e veio a onda do "rap", as músicas, o grito da galera, as bandeiras, bolas, faixas, tudo isso contava ponto para ganhar os campeonatos.
Era bonito!
Nessa época quem fez a festa junto com a molecada foi as gravadoras e os Dj's que os sugavam como ninguém. Transformavam qualquer guri em celebridade da bonita para o dia.
Depois os tempos mudaram, e tudo ficou muito "tenebroso" as disputas agora eram feitas na "marra". Os funkeiros estavam se gladiando. Brigas extremamente violentas ocorriam nos bailes, foi quando surgiu o "corredor", os seguranças da casa esticavam uma corda e os meninos caiam no pau entre elas. Houve muitas mortes nos confrontos fora dos bailes. Perdi alguns amigos de infância nessa loucura.
E então, nesse período deu-se inicio a "caça as bruxas". E as casas de shows onde haviam os bailes começaram a ser fechadas, dando origem aos bailes da comunidade, e voltou a onda do "rap", dessa vez com uma maozinha do tráfico de drogas, e com as músicas exaltando as facções criminosas o lucro agora viria com o famoso "proibidão".
Passou-se o tempo, e agora o "glamour"!
Com no máximo duas palavras (de preferência com duplo sentido) e uma dança sensual se tem um sucesso.
Se romantizar um pouco vira trilha sonora de novela e tem presença garantida no Domingão do Faustão.
Esses são os tempos atuais, e o Funk Carioca "dita as regras" da sensualidade; academias cheias, corpos sarados, bundas, coxas, peito e biceps. Tudo bem moldado como manda o figurino.
E enquanto algumas emissoras de televisão aproveitam a deixa pra ganhar audiência outras se excandalisam com a menina pelada no palco.
Que vergonha!
Mas vergonha de quê?
Onde eles queriam que chegasse?
Me desculpe, mas eu tive que analisar o video.
Percebesse que o baile todo já estava "frenético", como eles dizem.
Alguns vídeos gravados no mesmo dia mostra a mulherada louca em cima das mesas com minúsculas roupas expondo as partes internas do seus úteros.
Deplorável!
Euforia completa.
Sinceramente, eu esperava até pior.
E então, eu pergunto: De quem é a culpa?
O Funk Carioca é ruim ou é aquilo que ele se tornou que o torna ruim?
Se o "batidão" não fosse tão apelativo?
Se houvesse uma forma de mudar essa realidade? Seria diferente?
Não, não acredito.
De qualquer forma chegaríamos até aqui. Com o Funk ou não.
Nós precisamos de um "ralo" pra escorrer a água suja, um "bode expiatório" talvez.
Não é lindo um monte de gente pelada desfilando na apoteose, dançando na televisão todo domingo a tarde, na novela das oito ou trancafiados numa casa pra darmos uma espiadinha?
Então minha gente!
O Funk Carioca é nossa trilha sonora.
É tudo um "Bunda lê lê"
Relaxa e goza.

terça-feira, 19 de março de 2013

Amarelinha, vídeo game e o trote na faculdade.


Houve um tempo em que quando criança, brincávamos nas ruas, e o maior tempo que poderíamos passar dentro de casa era talvez jogando vídeo game, estudando, ou de castigo exigido pelos pais. Hoje não rola mais. Talvez em algum lugar, uma criança perdida corre atrás de uma pipa junto com o seu pai curtindo o feriado.
 Adolescentes, nas ruas? Praças?
Alguns em shoppings, talvez.
A grande sacada hoje é estar na rede, on line.
Esse é o nosso mundo, o tempo todo. É onde encontramos amigos, parentes; onde desabafamos, julgamos, criamos, trabalhamos e nos promovemos. É onde conseguimos as informações “quase na velocidade da luz”.
Lembro que, pelo menos onde fui criado, passávamos o dia inteiro na rua.
Garrafão, Taco na roda, Queimado, Salada mista, estas eram algumas das brincadeiras.
Naquela época também andávamos muito de bicicleta. Fazíamos trilhas, subíamos montanhas, tomávamos banho de rio, cachoeira, esse tipo de coisa.
Essas lembranças por vez permeiam minha mente.  E às vezes, como agora, respiro fundo e tento arranca-las do subconsciente e criar alguns parágrafos.
Na verdade o que me fez parar alguns minutos para escrever este “textículo”, [(sic)] foi essas manchetes sobre o caso do trote na Faculdade de Direito de Minas Geras. (UFMG)
Sem querer defender ou julgar ninguém, penso; o que levaria aqueles jovens realizar esse tipo de trote com imagens como diz a mídia “racistas”?
Depois que o tal Boling e as “Cruzadas De Caça as Bruxas” contra a homofobia e o racismo tomaram conta deste mundo caótico que vivemos, se não estamos mais nas ruas nos relacionando, estamos entulhados em nossas casas “ruminando”, e talvez uma simples brincadeira, uma palavra mal interpretada, ou uma foto tirada naquele momento eufórico pode se tornar um tiro no pé.
Lembro-me de uma época atrás, quando houve o lançamento do filme Tropa de Elite, que virou febre nacional, assisti três crianças brincando na rua e na ocasião uma segurava a outra com as pernas abertas enquanto o terceiro com um cabo de vassoura e uma sacola plástica nas mãos gritava: _ONDE FICA A BOCA VANGABUNDO!?
É rapaz! Os tempos mudaram. (?)
Se você me perguntar agora de qual dos meus amiguinhos de infância e adolescência eu lembro, terei que pensar duas vezes pra responder.
Quer um exemplo?
Dos meninos, lembro muito bem do Cabeção, Brejo, Bicudo, Dengue, Xuxinha, Neguinho e do falecido Comedor de Rato. Das meninas que nunca se separava na escola lembro-me da Valesca Vareta, Nanica, Ju Girafa, e da nossa professora de Geografia e Matemática, gay, carinhosamente chamada de “Gato de Botas”.
Inclusive na festa de final de ano da escola ela mesma veio fantasiada de tal.
E os, Testemunhas de Jeová, que no sol de lascar, batiam em nossa porta todos os finais de semana. E quando nós os víamos saíamos correndo avisando aos vizinhos gritando: _LÁ VEM OS CRENTE! E nos trancávamos em casa.
Hoje as coisas mudaram? Talvez.
Tudo bem que há casos e casos, acredito também nos excessos.
Mas convenhamos!
Será que se esses garotos estivessem com essas mesmas fantasias desfilando na apoteose, em pleno carnaval, na ala da escola de samba campeã que em seu enredo conta um pouco da história da humanidade eles seriam tão julgados?
Ou o problema na verdade foi só o gesto nazista?
Pelo amor de Deus! Façam-me o favor.
Se esses “pobres coitados” estivessem vestidos de Pierrot com a língua de fora mostrando o dedo médio seria “Cool”. E Não teriam criado tanto alarde.
Fala sério!
Estamos coando um mosquito e engolindo um camelo.
Salve Brasília! \o

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Carine Noctua


Eu ouvi um grito estridente.
Estranho.
Eu nunca havia ouvido algo daquele tipo.
Não conseguia distinguir o lugar onde eu estava eu só ouvia um som que vinha de outro cômodo da casa como se fosse algum animal se debatendo, preso as grades.
Quando dobrei as esquina e entrei na porta a minha frente, ela estava lá.
Nua.
Crua.
Com seus olhos negros fincados aos meus, e suas unhas de cor cinza, que seriam capazes de arrancar o meu coração com um só golpe, ela virou-se e me olhou.
Eu nunca vou esquecer aquele relampejar cintilantes de seus enormes olhos alaranjados.
Hipnóticos.
Senti um frio na barriga.
Um susto. Era um sonho.
Acordei deitado na grama seca do pasto, sentindo a brisa da noite, eu só queria um descanso, mais nada, mais ninguém. Nenhum pensamento.
Quando dei por mim já era tarde, só estávamos eu e as estrelas.
As estrelas.
Talvez eu esteja enganado quanto a isso tudo, pensei.
E logo depois, senti o forte abraço do silêncio.
Meu velho amigo.
Hoje, essa noite eu não quero te ver, apenas essa noite. Eu não quero.
Eu ouvi novamente a sua voz, se referiu a mim por duas vezes.
Pareciam sussurrar ao meu ouvido.
Parei, sorri. Respirei fundo e olhei pra trás.
Não vejo ninguém. Não QUERO ver ninguém!
Caminhei de volta por um caminho sombrio, minha mente estava vazia, era o que eu queria (?), reduzi-me a um espaço vazio, sem preocupações do cotidiano.
E, repentinamente eu ouvi novamente aquele estranho grito.
Não.
Dessa vez ela estava caçando.
Enlouquecida, rodopiava pelo céu negro acima de mim.
Céu Negro e Gélido.
Era como meus pensamentos entrecortando nuvens noturnas e espessas.
Dizem que o seu guincho é para assustar as presas, arrancando-as de seus esconderijos.
É como uma voz do inferno que transforma os ratos em estátuas e enraíza os outros pobres e pequenos mortais que caminham pela noite.
Acordei novamente.
Dessa vez a grama está úmida. Como as pálpebras dos meus olhos.
Uma pena.
Umas penas.
Plumagem marmórea, vermiforme, lampejo de telas vivas, cascatas de marrons dosadas com dourado e um cinza negro.
Será que você ouve o meu silêncio?
Imagino que não.
Eu não quero que me ouça.
Ouça-me.
A única lembrança que quero ter é seu rosto esculpido na moeda dos gregos.
Nada mais.
Nada a mais.
Nada.
Mas...

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Lembranças.

*De volta a Terra Dourada.

É como um baralho, um jogo onde cada carta tem sua importância.
No decorrer do jogo você precisa estudar cada momento, cada jogada, gesto, macetes e blefes de quem esta do outro lado.
Às vezes se ganha, às vezes se perde, mas a importante é saber jogar.
Será?
Tenho minhas dúvidas.
(...)
Aqui estou eu novamente.
De um lado o vento forte e seco do ventilador empoeirado. Do outro, o clique marcante e tenso do relógio de parede.
Será que vale a pena, estar aqui novamente, penso rápido.
Não, não vale a pena. Mas aqui estou.
Fleches assustadores visitam-me vez por outra.
Salas de aula, estradas infinitas, aquele degrau de escada e o copo de vinho. O banco da praça e aquela árvore exuberante e assustadora com suas raízes retornando pelo caule como alguém que tenta o suicídio sufocando-se.  
A luz da cidade por trás daquelas ondas batendo na areia da praia, eu também não consigo esquecer, esses são os fantasmas que me assombram.
Essa noite foi estranha. Caiu uma tempestade e logo após ela, depois da falta de luz, percebi um clarão invadindo a minha casa por baixo da porta. Era o clarão da lua, ela surgiu no meio das nuvens densas.
Tive um pesadelo horrível uma noite dessas. Meu edredom, no decorrer do sonho, se transformou em um demônio que me abraçava insistentemente e eu não conseguia abrir os olhos. 
Quando isso me acontece sempre acordo gritando. É assustador!
É, parece que não só aquele HOMEM, naquele momento e naquele lugar foi desamparado.
Às vezes eu também me sinto só. Em vários lugares.
Nem sempre neste jogo se deve segurar a carta mais valiosa para o final. Na verdade tem que saber a hora certa de abrir mão dela.
(...)




* “De Volta a Terra Dourada” é uma série de contos, onde eu mesclo fatos reais com realidade. É um lugar fictício que criei durante um tempo perturbador da minha vida, é onde minha mente sempre descansa. Durante esse tempo tive muitas experiências e a maioria delas não foram muito boas. Eu quase que diariamente escrevia esses contos e eram apesar de muito confusos, bem bonitos, às vezes meio assustadores e às vezes apaixonantes. Já faz alguns anos que não escrevo, e todos os que escrevi durante essa época se perderam. 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

(*) De volta à terra dourada



“por Ele e para Ele são todas as coisas”

Caminhávamos juntos, de mãos dadas, curtindo o ar fresco daquela manhã. Eu e minha ansiedade. Vez por outra a delicadeza de suas mãos me deixava, e num surto, com seu cabelo ao vento, ela corria por aquela areia molhada deixando suas pegadas a minha frente, gritando bem alto:
 __Vem, quero ver se você consegue me pegar!
Foi quando me assustei com a aproximação das ondas.
Elas molharam os meus pés de uma forma estranha, convidando-me a um mergulho e fazendo-me esquecer tudo a minha volta, e depois de um bom tempo, fissurado ainda com as águas, além de, eu e ela. Notei outra presença.
__Eu poderia te mostrar uma coisa?
Disse àquela voz que a tempo eu não ouvia.
__Acho que foi por isso que viemos aqui não foi?
Respondi.
__Não procure um culpado, tanto Eu como você sabemos que gosta de vir neste lugar, e é sobre isso que precisamos conversar.
E então, Ele deixou que eu sentisse o calor de Seu abraço e, só nós dois, caminhamos até o alto das pedras onde as ondas chicoteavam a todo o momento.
 __Sente-se, preste bem atenção no que Eu vou lhe dizer. Olhe aquelas pessoas lá em baixo.
Olhei do lado contrario ao que viemos. Percebi que todas eram com eu, iguaiszinhas a mim, algumas sentadas e outras em pé caminhando de um lado para outro. E ao mesmo tempo em que eu tentava entender aquela cena, um sentimento de culpa tomou conta de mim. Então, notei que outra pessoa se aproximava de nós por detrás das pedras, e apenas com um singelo sinal, Ele a deixou ciente que precisávamos estar a sós. E aquele sentimento imediatamente me deixou. E comecei a ouvi-Lo.
__Todas elas filho, assim como você, gostam de vir até aqui. Este lugar é peculiar, aqui Eu posso ouvi-las melhor e todas elas vêm com o mesmo fardo que o seu. E às vezes assim como você hoje, chegam aqui acompanhadas, e traz sua ansiedade, sua inconstância, sua falta de personalidade, questionamentos, duvida e outros sentimentos. Aqui se encontra uma geração inteira amigo; saiba disso!
Uma forte onda dessa vez trombou as pedras fazendo com que alguns respingos chegassem a nós.
Sentei, pensei um pouco e Ele continuou...
__Filho, Eu estou aqui desde o início, acompanhando a mudança do tempo e das gerações. Vocês estão mudando precocemente garoto. E não percebem! O que gostaria que soubesse é que você é um filho nato desde século, enfermo pelas circunstâncias, inerte no tocante aos seus irmãos. Isso precisa mudar meu amigo. Eu preciso que volte aqui mais vezes, pra conversarmos, precisamos um do outro. Preciso que venha até aqui troque seu fardo comigo e volte, diga pros outros tudo o que Eu tenho lhe mostrado, neste lugar e na sua caminhada, e deixe-os vir até aqui também!
As lágrimas deram vez ao nó na garganta e senti quando Ele levantou-se e me deixou sozinho.
Desci surpreso. Sem palavras.
E caminhando ainda a beira mar, deixei a brisa acariciar o meu rosto perpetuando aquele momento...
___Oi, você está bem? O que houve? Desapareceu; fiquei preocupada!
Ela me disse.
__Chega! Por favor, saia!
__O que houve...?
__Eu não preciso te dar explicações, saia, me deixe em paz!
Corri desesperadamente pela areia...
Um sorriso espontâneo foi surgindo, e quando percebi, já estava com as águas pelas canelas.
__Eu preciso voltar! Eu preciso voltar...


Escrito ao som de Paul Clark – Songs From the Savior (Vol. 01)




* “De Volta a Terra Dourada” é uma série de contos, onde eu mesclo fatos reais com realidade. É um lugar fictício que criei durante um tempo perturbador da minha vida, é onde minha mente sempre descansa. Durante esse tempo tive muitas experiências e a maioria delas não foram muito boas. Eu quase que diariamente escrevia esses contos e eram apesar de muito confusos, bem bonitos, às vezes meio assustadores e às vezes apaixonantes. Já faz alguns anos que não escrevo, e todos os que escrevi durante essa época se perderam.
Hoje retorno a pôr em pratica. Não por estar passando por momentos difíceis novamente, pelo contrario. É simplesmente porque estes textos foram os mais sinceros que escrevi, são “lágrimas de ouro” se assim posso dizer. Desta vez quero deixa-los arquivados, quero dar uma nova percepção a eles, uma nova cara. Um outro olhar. Vamos ver onde eu posso chegar.